20 de jan. de 2017

Pesquisadores do IF da USP participam da construção do radiotelescópio BINGO

Equipamento que fará o mapeamento do hidrogênio neutro no Universo será construído no Uruguai

(Agência Fapesp/JC) Um grupo de cientistas do Reino Unido, Suíça, Uruguai, China e Brasil integra um consórcio internacional para a construção de um radiotelescópio que deverá fornecer detalhes da distribuição de matéria no Universo e trazer informações valiosas sobre a chamada “parte escura”, ainda pouco compreendida pela ciência.

O Baryon acoustic oscillations in Neutral Gas Observations (BINGO) foi concebido para fazer a primeira detecção de Oscilações Acústicas de Bárions (BAO) a frequências de rádio. BAO é um método utilizado pela astrofísica para, por meio de oscilações acústicas, entender as aglomerações de galáxias e medir a expansão do Universo e a quantidade de matéria escura. “A escala do BAO é uma das sondas mais poderosas para investigar parâmetros cosmológicos, incluindo a energia escura”, explica Élcio Abdalla, do Instituto de Física (IF) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do BINGO, à Assessoria de Comunicação do IF-USP.

“O radiotelescópio BINGO começará a ser construído provavelmente em 2018”, prevê Abdalla. Trata-se de uma iniciativa internacional que envolve o Jodrell Bank Centre for Astrophysics, a Universidade de Portsmouth e o University College de Londres, no Reino Unido; o ETH Zurich, na Suíça; a Universidade da República, do Uruguai, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), além do IF-USP, no Brasil. O custo estimado é de US$ 4,9 milhões.

O desenvolvimento dos componentes para módulos receptores e a montagem de antena têm o apoio da Fapesp no âmbito do Projeto Temático O telescópio BINGO: a nova janela de 21cm para exploração do universo escuro e outras questões astrofísica.

O radiotelescópio fará a medição da distribuição de hidrogênio neutro a distâncias cosmológicas, utilizando uma técnica chamada Mapeamento de Intensidade. Operando na faixa de frequência que vai de 0,96 GHz a 1,26 GHz, o BINGO contará com dois espelhos de 40 metros com cerca de 50 a 60 cornetas de cerca de 5 metros de comprimento.

O telescópio será instalado no norte do Uruguai, em região de baixa frequência de radiointerferência (RFI), em uma mina de ouro abandonada e a céu aberto. Além de investigar zonas espaciais inacessíveis aos telescópios ópticos para encontrar correlações de densidade relacionadas com as BAO, observará outros aspectos astrofísicos importantes, como os Fast Ray Bursts, fenômenos muito rápidos, recentemente descobertos, segundo Abdalla, e de origem desconhecida.

No IF-USP, além de Élcio Abdalla, participam do projeto Raul Abramo e 10 outros doutorandos e pós-doutorandos, além do jovem pesquisador inglês Michael Pee, e da engenheira Andréia Pereira. Do Inpe, integram o grupo Carlos Alexandre Wuensche, Thyrso Villela e Karin Fornazier. Outro brasileiro trabalhando no projeto é Filipe Abdalla, do University College, de Londres. “O nosso grupo está aceitando pesquisadores que queiram colaborar no projeto”, sublinha Abdalla.

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