Aí estás escondida em teu manto
Tal marmórea mulher envolta em pranto
Por que choras estrelas, minha amada,
Enquanto fulguras na noite prateada?
Que fazes solitária em tua grandeza
E em teu vôo partes espalhando beleza
Cercada dessa bruma, a ermo
No espaço, sem fim ou termo?
Durante o dia esqueço que existes
Mas a noite tua beleza triste
Invade meu peito com um lamento
E com teu silencio que é meu acalento.
Somente para mim foste criada
E te amarei com adoração velada
Até o dia que perto te verei
A enxugar as lágrimas que por ti chorei
Fiel a tua imagem serei a cada instante
E a cada passagem te cantarei vibrante
Para que minha dor seja menos intensa
Quando no céu estejas suspensa
Amo-te mais que à liberdade
Ajoelhando-me a teus pés (indefesa humildade)
Clamo a ti, perpétua deusa nua
Em patético tormento, cálida lua
Sê breve esta noite, fugitiva amada
Parta comigo pela madrugada
Para que outros a ti não alteiem a voz
E fiquemos os dois, enfim, a sós.
Ana Quevedo
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