5 de jul. de 2009

O Invisível

Onde nasce a nívea nuvem
Que se descortina atrás do véu?
Aonde ela por fim deságua?
No finalmente do céu?

Como traduzir a poesia
Das estrelas que acendem a noite?
Como sentir, sutil maestria
Do vento que bate como açoite?

Em que ínfimo momento
Ocorre o primo verter do luar?
Em que breve instante morre
O primeiro raio de sol a dançar?

Em que final momento adormecemos
Em que suspiro a vida se esvai?
Em que instante nos encontraremos
Na morada de Nosso Pai?

Não me amedronta o invisível
Nem do tempo que vem e não percebo
Quero ser da vida sensível
Temo que me tolhe os instantes
Tristes, jocosos, puros, vibrantes.
Temo o segundo que perdi
A estrela cadente sem ouvir
Sem adeus ao céu remoto.
Temo o minuto em que a criança
Guarda o respirar, admirando
A primeira vez o céu contemplando.

Só temo o que perdi
Tendo olhos para ver.

Ana Quevedo

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