(IYA2009 / Urânia) Há quatrocentos anos, em 1609, o cientista francês Galileu Galilei realizou as primeiras observações telescópicas do céu, revelando segredos até então desconhecidos pela humanidade, como as luas de Júpiter. Em 1969, o cientista americano Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua. Para comemorar estas datas e outras importantes conquistas no campo da pesquisa e exploração celeste em todo o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2009 como o Ano Internacional da Astronomia. Entre os dias 3 e 14 de agosto, os olhos de todo o mundo estarão voltados para a cidade do Rio de Janeiro, onde diversos eventos científicos reunirão, no Centro de Convenções Sul América (Avenida Paulo de Frontin com Avenida Presidente Vargas, Cidade Nova, Rio de Janeiro), mais de 2.000 cientistas de todo o mundo para a realização da 27ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (IAU, da sigla original em inglês). Esta é a primeira vez que a assembleia, considerada o evento máximo da astronomia mundial, é realizada no Brasil.
Segundo a pesquisadora do Observatório Nacional (ON), bolsista do programa Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ e coordenadora do Comitê Organizador Nacional da 27ª Assembléia Geral da IAU, Daniela Lazzaro, serão apresentados 36 eventos científicos sobre temas, como as diversas populações estelares e como estudá-las, os objetos gelados do sistema solar (entre eles, a procura por água fora da Terra), a variabilidade das estrelas e seu impacto na Terra e em outros planetas, a evolução química do universo, os aglomerados de estrelas, a evolução de galáxias e buracos negros, e muitos outros. Com apoio da Fundação, a pesquisadora do ON desenvolve estudos sobre a composição superficial de asteróides em órbita cometária. "Verificamos que parecem existir duas distribuições distintas de composições. Também identificamos que a distribuição cumulativa de luminosidade de um grupo destes objetos se assemelha muito com a distribuição de cometas da família de Júpiter", explica.
Daniela Lazzaro chama a atenção para quatro conferências plenárias previstas para o evento. A primeira, no dia 5 de agosto, será ministrada pelo pesquisador italiano Franco Paccini, que falará sobre os quatrocentos anos do uso do telescópio para observação astronômica, iniciado por Galileu. "A conferência abordará a evolução do telescópio e dos detectores, que nos permitiram ter um conhecimento mais profundo em todas as regiões do espectro eletromagnético e do cosmos que nos cerca. Esta mesma conferência, com tradução simultânea, será repetida para o público em geral, no dia 7 de agosto, no Planetário do Rio de Janeiro, na Gávea", explica Daniela. O pesquisador americano Jim Bell III apresentará a palestra "Água nos Planetas" em que debate a procura e a importância da descoberta de água, em particular no estado líquido, fora da Terra. "Essa busca está relacionada à procura de vida fora da Terra e com a exploração do sistema solar pelo homem. O pesquisador também falará, no planetário, para o grande público, com ênfase na exploração de Marte, o planeta vermelho", acrescenta.
Na segunda semana do evento, no dia 10 de agosto, o alemão Simon White debaterá o uso de supercomputadores para reconstrução de estruturas observadas no universo a partir de uma quase uniforme mistura dos gases hidrogênio, hélio, matéria escura e radiação. "Segundo ele, vai ser possível demonstrar que tudo se formou do nada", afirma Daniela. No dia seguinte, 11 de agosto, acontece a última palestra plenária, em que a chilena Maria Tereza Ruiz discutirá os resultados mais recentes de estudos com estrelas de pouco brilho e/ou massa. "Em astrofísica, é comum associar massa com luminosidade ou brilho de um objeto. Daí o título da conferência, um trocadilho em que se pergunta: Será que estrelas com pouca luminosidade têm peso?, querendo ressaltar não tanto a massa, e sim o interesse científico."
A coordenadora do Comitê Organizador Nacional explica que entre os cerca de 2.600 trabalhos inscritos, aproximadamente 500 contam com a contribuição de estudantes ou pesquisadores brasileiros. Segundo Daniela, isso torna bastante difícil destacar no evento um ou outro trabalho realizado por pesquisador nacional. "Além do mais, os brasileiros estão à frente da organização de diversos simpósios, discussões conjuntas e sessões especiais do evento", acrescenta. Por último, ela acredita que a realização da 27ª Assembleia Geral da IAU no Brasil servirá para melhorar as pesquisas nacionais no setor, aumentar a cooperação internacional, além de mostrar à população o reconhecimento internacional que os estudos de astronomia brasileiros vêm recebendo. "No Brasil, somos por volta de 200 doutores em Astronomia e outros tantos estudantes, que fazem com que nossa comunidade atinja por volta de 400 pessoas. Um número relativamente pequeno, mas com atuação destacada no cenário mundial e aproximadamente 2% dos artigos publicados em todo o mundo sobre o tema", conclui.
Tenda na Cinelândia apresentará atividades para o público
Entre as atividades da 27ª Assembleia Geral da IAU, uma tenda de 450 metros quadrados será montada na Praça Marechal Floriano, mais popularmente conhecida como Cinelândia, no Centro do Rio. A estrutura ficará montada desde a próxima terça-feira, 4 de agosto, até sábado, dia 8. No espaço, voltado para atrair crianças, jovens, adultos e o público leigo, serão realizadas diversas atividades relacionadas à astronomia e ciência, como oficinas, mostra de filmes, planetário inflável, palestras de curta duração e observação do Sol através de telescópios. Diversas instituições científicas estarão presentes. A FAPERJ terá um estande onde funcionários apresentarão os programas de fomento à pesquisa da Fundação e exibirão vídeos de astronomia realizados em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Haverá ainda quebra-cabeças, atividade voltada para as crianças.
A tenda faz parte do projeto "Astronomia na Cinelândia: o público é a estrela", para divulgação e popularização da ciência, realizado pelo Mast e pela prefeitura do Rio. Seu objetivo é levar às ruas conceitos de astronomia básica contemporânea, promovendo o encontro da ciência com o grande público. A visitação, na Cinelândia, poderá ser feita de terça à sexta-feira, de 8h30 às 17h30, e sábado, de 10h às 18h.
O evento conta ainda com o apoio de diversas instituições de pesquisa e divulgação na área de astronomia, como Observatório Nacional (ON), Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OV/UFRJ), a Fundação Planetário, Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCT), Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT), Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG/USP), Agência Espacial Brasileira (AEB), Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia (SECT), TWAN Exhibition e o Clube de Astronomia do Rio de Janeiro.
Para saber mais sobre a 27º Assembleia Geral da IAU acesse:
www.astronomia2009.org.br
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