22 de dez. de 2009

O verão chegou

(Ulisses Capozzoli - Scientific American Brasil) O verão no Hemisfério Sul começou oficialmente às 14h47 de hoje (21/12), quando o Sol atingiu o máximo afastamento aparente do equador, em direção ao pólo sul, ou seja, posicionou-se sobre o Trópico de Capricórnio (solstício de verão).

O Trópico de Capricórnio, paralelo que define a zona tropical sul, é evidentemente, uma linha imaginária.

Abaixo dela, ou seja, no rumo Sul, localiza-se a zona subtropical que se delimita com o Círculo Polar Antártico aos 66 graus, 33 minutos e 39 segundos (66º 33’ 39”) de latitude Sul.

Processo idêntico ocorre no começo do inverno do Hemisfério Sul (solstício de inverno), em 21 de junho que, em 2010, começa às 8h00.

Nessa data (inverno para o Hemisfério Sul e Verão para o Hemisfério Norte), o Sol faz o deslocamento aparente máximo em direção ao Polo Norte e se posiciona sobre o Trópico de Câncer.

Por que se diz que o Sol faz um movimento aparente quando, na verdade, ao longo do ano vemos nossa estrela-mãe deslocar-se a cada dia entre os trópicos de Capricórnio e Câncer?

Esse deslocamento é aparente e deve-se ao efeito produzido pela inclinação do eixo de rotação da Terra em seu movimento de translação, ou seja, em torno do Sol.

Uma volta completa da Terra em torno do Sol define o período de um ano.

Os solstícios definem o começo do verão e do inverno e os equinócios, quando o Sol “atravessa” um dos hemisférios celestes em direção ao outro, marcam a primavera e outono.

Na verdade, a definição do começo de cada uma das estações é uma convenção. Ontem, por exemplo, ao atingir o máximo deslocamento aparente em direção ao Sul, o Sol começou a “retornar” para o norte, onde chega em 21 de junho, às 8h00.

Com isso, o equinócio de outono (para o Hemisfério Sul) ocorrerá em 20 de março, às 15h00 (equinócio de primavera para o Hemisfério Norte).

Quando o Sol “deixar” o Hemisfério Celeste Sul, a tendência é as temperaturas se reduzirem nesta região como resultado da mudança do ângulo de incidência dos raios solares.

As temperaturas, então, tendem a aumentar no Hemisfério Norte, marcando o fim do inverno e o início da primavera.

Como é a inclinação do eixo de rotação da Terra o responsável pelas estações do ano, isso significa que outros planetas do Sistema Solar podem ter estações diferentes das nossas?

Sim, isso é verdade.

Marte, nosso vizinho próximo no Sistema Solar, também tem estações como a Terra, mas mais longas, pois o Planeta Vermelho está mais distante do Sol que a Terra (220 milhões de km, em média, contra 150 milhões de km da Terra).

Na verdade, o dia marciano tem 687 dias terrestres.

Outros planetas têm inclinações ainda maiore e Vênus, simplesmente gira de “cabeça para baixo”.

As estações do ano condicionaram todas as formas de vida na Terra e são uma das exibições de pura beleza dessa terceira pedra do Sol, embora boa parte das pessoas, confinadas em espaços urbanos, sequer dêem conta dessas transformações ao longo do ano.

Animais, como o urso, hibernam por todo o inverno e, no final do outono devem se abastecer de energia para fazer essa longa travessia sem deixar seus abrigos.

Os ursos talvez sejam as mais conhecidas das criaturas que hibernam, mas são acompanhados por muitas outras espécies.

A vegetação também se altera radicalmente durante o ano, refletindo um longo e profundo processo de adaptação à variação da radiação solar.

Mesmo os humanos, distantes dos ciclos da Natureza, confinados em ambientes artificiais, sentem esse chamado profundo dos ciclos se alternando ao longo do ano.

O espalhamento dos humanos por toda a superfície da Terra seguramente teve contribuição significativa das estações do ano.

Rebanhos em movimento, buscando pastagens mais tenras, levaram hordas de caçadores em seus rastros. Assim, animais e dobraram muitas vezes a linha do horizonte.

Uma enorme quantidade de animais, alguns deles já extintos, atraíram nossos ancestrais, gente que não pudemos conhecer, ainda que tenhamos herdado os genes que construíram seus corpos.

Tudo isso devido a uma pequena inclinação no eixo de rotação da Terra.

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