O astronômo Audemário Prazeres destaca o valor pioneiro do trabalho no acréscimo de pesquisas do mundo todo e no conhecimento do sistema solar. Foto: 12/09/2007. Credito: Alexandre Gondim/DP
(Diário de Pernambuco) No céu, um momento raro. No coração de dois pernambucanos, a alegria imensa. Os observadores Audemário Prazeres e Everaldo Faustino registraram a passagem do asteroide chamado Varuna em frente a uma estrela.
Foi a primeira vez que a luz estelar revelou o pequeno corpo do sistema solar, localizado a cerca de 6,4 milhões de km da terra, o mesmo que quase 17 vezes a distância da terra à lua. Também foi inédito o registro de um objeto além da órbita de Netuno, onde Varuna está situada. E ainda tem mais pioneirismo. Denominado de ocultação por Varuna, o feito foi acompanhado apenas por uma equipe no mundo: a pernambucana.
"Vocês são os únicos a ter visto uma ocultação visual por um um objeto transnetuniano, um planeta mais afastado " Bruno Sicardy - astrônomo de Paris
Desde que acompanharam o fenômeno astronômico, Audemário e Everaldo repassaram os dados para pesquisadores do mundo todo e começaram a receber as confirmações de que o feito era inédito. Um sinal que veio. "Vocês são os únicos a ter visto uma ocultação visual por um objeto trans-netuniano. De fato, é a ocultação por um planeta mais afastado jamais observado", disse o astrônomo chefe do Observatório de Paris e Universidade Paris 6, Bruno Sicardy. O pesquisador titular do Observatório Nacional Roberto Vieira Martins também classificou o feito como pioneiro. "O trabalho foi de um valor inestimável pois possibilitou que detectássemos, pela primeira vez, a ocultação de uma estrela por um objeto transnetuniano", afirmou, acrescentando que a observação permitiu análises sobre o tamanho e a composição do objeto.
A dupla de observadores contou com uma dose de sorte e experiência. Inicialmente, eles iriam se instalar em Bonito para acompanhar o fenômeno. Mas, de última hora, resolveram se deslocar para Camalaú, no Cariri da Paraíba, permanecendo no local chamado limite Sul de visibilidade do fenômeno. Outras equipes de profissionais do MIT, do próprio Observatório de Paris e do Observatório Nacional também montaram pontos estratégicos de observação em locais como Maceió e até na Namibia (África), mas não tiveram a mesma sorte e encontraram um céu coberto por nuvens. "Tenho 26 anos de experiência em observações. Com isso consegui fazer uma boa leitura do céu, achando melhor mudar de destino e tivemos uma janela aberta na hora do raro fenômeno", destacou Audemário.
Os estudos mais detalhados da observação poderão identificar ainda se Varuna é um sistema binário e se tem atmosfera. "Isso será fantástico para o aprimoramento do conhecimento do nosso Sistema Solar", citou o observador. O asteroide foi descoberto em 2000 e os pesquisadores ainda não sabem muito sobre o objeto, assim como demais astros na mesma região da órbita. Audemário, que é coordenador da Sociedade Astronômica do Recife (SAR) e da Associação Astronômica de Pernambuco (AAP), lembrou que Pernambuco tem um forte histórico na área da astronomia. No próximo domingo, as entidades desenvolverão o 4º Circuito de Palestras Astronômicas. O encontro, realizado nas Graças, abordará temas como mudanças climáticas e habitabilidade planetária. Informações pelo aapsar@gmail.com
Foi a primeira vez que a luz estelar revelou o pequeno corpo do sistema solar, localizado a cerca de 6,4 milhões de km da terra, o mesmo que quase 17 vezes a distância da terra à lua. Também foi inédito o registro de um objeto além da órbita de Netuno, onde Varuna está situada. E ainda tem mais pioneirismo. Denominado de ocultação por Varuna, o feito foi acompanhado apenas por uma equipe no mundo: a pernambucana.
"Vocês são os únicos a ter visto uma ocultação visual por um um objeto transnetuniano, um planeta mais afastado " Bruno Sicardy - astrônomo de Paris
Desde que acompanharam o fenômeno astronômico, Audemário e Everaldo repassaram os dados para pesquisadores do mundo todo e começaram a receber as confirmações de que o feito era inédito. Um sinal que veio. "Vocês são os únicos a ter visto uma ocultação visual por um objeto trans-netuniano. De fato, é a ocultação por um planeta mais afastado jamais observado", disse o astrônomo chefe do Observatório de Paris e Universidade Paris 6, Bruno Sicardy. O pesquisador titular do Observatório Nacional Roberto Vieira Martins também classificou o feito como pioneiro. "O trabalho foi de um valor inestimável pois possibilitou que detectássemos, pela primeira vez, a ocultação de uma estrela por um objeto transnetuniano", afirmou, acrescentando que a observação permitiu análises sobre o tamanho e a composição do objeto.
A dupla de observadores contou com uma dose de sorte e experiência. Inicialmente, eles iriam se instalar em Bonito para acompanhar o fenômeno. Mas, de última hora, resolveram se deslocar para Camalaú, no Cariri da Paraíba, permanecendo no local chamado limite Sul de visibilidade do fenômeno. Outras equipes de profissionais do MIT, do próprio Observatório de Paris e do Observatório Nacional também montaram pontos estratégicos de observação em locais como Maceió e até na Namibia (África), mas não tiveram a mesma sorte e encontraram um céu coberto por nuvens. "Tenho 26 anos de experiência em observações. Com isso consegui fazer uma boa leitura do céu, achando melhor mudar de destino e tivemos uma janela aberta na hora do raro fenômeno", destacou Audemário.
Os estudos mais detalhados da observação poderão identificar ainda se Varuna é um sistema binário e se tem atmosfera. "Isso será fantástico para o aprimoramento do conhecimento do nosso Sistema Solar", citou o observador. O asteroide foi descoberto em 2000 e os pesquisadores ainda não sabem muito sobre o objeto, assim como demais astros na mesma região da órbita. Audemário, que é coordenador da Sociedade Astronômica do Recife (SAR) e da Associação Astronômica de Pernambuco (AAP), lembrou que Pernambuco tem um forte histórico na área da astronomia. No próximo domingo, as entidades desenvolverão o 4º Circuito de Palestras Astronômicas. O encontro, realizado nas Graças, abordará temas como mudanças climáticas e habitabilidade planetária. Informações pelo aapsar@gmail.com
Olhando para o céu
O feito
Uma equipe pernambucana de astronomia foi a única a registrar, por meio visual, a ocultação de uma estrela por Varuna
A ocultação
É quando um asteroide ou planetoide, no caso Varuna, passa em frente a uma estrela de acordo com o ângulo terrestre
Varuna
Varuna é um asteroide ou planetoide descoberto em 2000. Está localizado além da órbita de Netuno, onde os objetos são denominados de transneturiano
O fato
Na noite de 19 de fevereiro, a ocultação de Varuna foi vista da cidade de Camalaú, no Cariri da Paraíba
O histórico
Antes dessa visualização, apenas uma ocultação semelhante foi registrada. Aconteceu com Plutão
O legado
Será possível definir o diâmetro de Varuna, sua órbita e constituição, além do aprimoramento do conhecimento do Sistema Solar
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