Nova teoria contradiz outra apresentada há um ano
(Ciência Hoje - Portugal) Vítor Cardoso, do Instituto Superior Técnico (IST), e dois colegas das universidades norte-americanas de Maryland e de Dartmouth - Enrico Barausse e Gaurav Khanna - demonstraram que é impossível destruir buracos negros caso se tente atingi-los com uma pedra ou bala, contrariando a teoria apresentada há um ano pelos cientistas Ted Jacobson e Thomas Sotiriou.
O investigador português adiantou à agência Lusa que o estudo vai ser publicado, "dentro de uma ou duas semanas", na Physical Review Letters, "a revista mais importante" desta área da Física.
De acordo com as equações de Albert Einstein, lembrou o investigador português, os buracos negros têm um limite máximo de velocidade de rotação. "Podemos pensar numa forma de os pôr a rodar mais rapidamente, atirando-lhes uma pedra ou uma bala. Mas as equações de Einstein diziam que seriam destruídos se rodassem acima de certo valor", aparecendo algo denominado de "singularidade nua", referiu.
Este foi o cenário que os anteriores investigadores tentaram demonstrar, o que, a ser verdade, destruiria ainda a Conjectura da Censura Cósmica, proposta por Roger Penrose, nos anos 70 do século XX, como um mecanismo para salvar a teoria de Einstein. "O nosso trabalho é a favor desta conjectura, segundo a qual o nosso universo é tão gentil para connosco que proíbe singularidades nuas." Assim sendo,acrescentou ainda, "tem de haver um censor cósmico, um mecanismo," capaz de impedir que uma pedra seja atirada para um buraco negro, destruindo-o.
A equipa de Vítor Cardoso apercebeu-se de que, nos seus cálculos, os dois investigadores norte-americanos não consideraram que, quando a pedra ou bala é atirada, "são necessárias pequenas correcções" de trajetória, devido às ondas gravitacionais.
"Este fenómeno, apesar de pequeno, é suficiente para destruir os seus cálculos. Mostrámos que, atendendo a esta reacção, a pedra não cai no buraco negro, porque este, como se soubesse de antemão, encolhe momentaneamente, para a evitar", disse.
Relativamente à importância destes resultados, Vítor Cardoso assegurou que "são boas notícias para quem acredita que a ciência descreve o universo". Além disso, na sua opinião, este trabalho "é aprazível, com ordem e lógica, sem violações da causalidade".
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