(Tribuna do Norte) Mas não foi fácil seguir esse caminho. “Fiz o vestibular para física na UFRN e ninguém me apoiava quando dizia que queria estudar astronomia. Muito pelo contrário, se eu tivesse seguido o que as pessoas aqui falavam, nunca estudaria nessa área”, diz Renan de Medeiros, com um leve tom de indignação.
Formado na UFRN, Renan partiu para São Paulo para fazer o mestrado. Lá encontrou todo o incentivo que precisava e se achou. “Mesmo estando vinte anos atrasado em relação a Estados Unidos e Europa, lá eu estava muito mais adiantado do que aqui em Natal”. Encontrou a mulher com quem tem dois filhos e vive até hoje; casou-se quatro dias antes da apresentação da dissertação de mestrado.
Decidido a sair do lugar que tanto o rechaçou, deixou Natal para fazer doutorado na Europa. Mas a escolha do país foi coincidência da vida. “Estava na Itália e viajava de madrugada para conhecer Paris. No meio do caminho, nosso trem foi parado e nós obrigados a desembarcar. Acontece que o acordo entre Brasil e França havia acabado horas antes de tentarmos entrar no país, e acabamos ficando na Suíça, sem visto para ir a Paris”.
Visitou Genebra seguindo conselho de um suíço que o ajudara na questão do visto. “Me encantei pela universidade e tanto fiz que eu e minha mulher acabamos fazendo doutorado naquele país”. A mulher de Renan, Sílvia, trabalha com microbiologia molecular.
A decisão de retornar a Natal foi tomada junto com a mulher. “Você não acha que aqui na Suíça é muito fácil fazer ciência? Vamos encarar o desafio de fazer árvores brotarem das pedras e que os seus frutos alimentem as pessoas”, diz o astrônomo reproduzindo o diálogo que teve com a companheira.
Quando analisa os resultados dez anos depois do seu retorno, emociona-se. Fala que cumpriu seu objetivo e que não tem só uma árvore, mas uma “floresta de conhecimento”. Chora ao lembrar a luz do foguete CoRoT, quando ele era lançado no Cazaquistão. “A inteligência potiguar foi uma das responsáveis pela construção daquilo. Algo maravilhoso”. Um longo silêncio se segue. Em sua cabeça, retoma as boas lembranças.
O homem de 58 anos, que tem dois filhos, um de 14 e outro de nove, é chamado pelo reitor da UFRN, Ivonildo Rêgo, de “o homem das estrelas”. Considera a profissão um pedaço de si e tem o coração maior do que o cosmos. Ainda tem sonhos de crescimento e espera ver, no máximo em dez anos, um satélite lançado com o nome da UFRN estampado. A universidade agora é “terreno fértil” para estudo da astronomia.
Essa é uma história muito motivadora, pois quando digo que farei astronomia a alguem que conheço, sempre soa como piada, como algo inatingível, mas eu sei que essas pessoas não sabem o que é amar algo e fazer dele a missao de sua vida, por isso sou completamente alheia à essas crìticas.
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