(G1) O neurocientista Miguel Nicolelis, um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros, participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) para apresentar “Muito Além do Nosso Eu”, seu primeiro livro. Em entrevista ao G1, ele falou sobre as influências que o levaram a seguir a carreira acadêmica, que vão desde o quintal de sua avó até a conquista da Lua.
Nicolelis tinha oito anos quando Neil Armstrong pisou na Lua. “Era algo que eu não considerava nem americano nem russo, era um andar da humanidade fora do planeta. Foi uma coisa muito forte nos anos 1960, para quem viveu isso como criança”, contou o cientista.
Por isso, o pesquisador comentou o fim do programa dos ônibus espaciais, que, para ele, era necessário, pois as naves já estavam obsoletas. “Eu espero que o programa espacial, não só o americano, mas o brasileiro, por exemplo, comece a achar novos caminhos, porque nós precisamos estar presentes nessa fronteira do conhecimento, que é o espaço”.
O quintal de sua avó e a conquista do espaço estão intimamente ligados nas memórias do cientista. “Curiosamente, foi minha avó que me pôs para assistir o projeto espacial”, prosseguiu. “Assistimos juntos em Poços de Caldas (MG) ao pouso do homem na Lua”.
“O quintal da minha avó que eu digo é esse ambiente, esse caldo de cultura, extremamente rico de curiosidade. A minha avó instilou em mim essa paixão pela curiosidade, pelo descobrir. Com coisas muito simples, sem grandes recursos tecnológicos, mas que criaram raízes por uma vida toda”, concluiu Nicolelis.
Outras influências citadas foram os escritores Carl Sagan, Stephen Hawking e Isaac Asimov, que escreveram best-sellers quando já eram cientistas reconhecidos. “A contribuição deles para a ciência talvez tenha sido até maior nos livros que escreveram para o grande público que nos trabalhos acadêmicos, que já foram fenomenais, porque eles incentivaram um grande número de pessoas não só a perseguir mais informação, mas, no caso dos jovens, a perseguir a carreira científica”, apontou.
Tendo isso em mente, Nicolelis tenta ter sucesso como escritor, no que é, em sua visão, “um dos trabalhos vitais do cientista moderno”. “Na minha opinião, é muito importante que os cientistas profissionais comuniquem à sociedade não só os seus resultados, mas as ideias conflitantes da ciência”, argumentou.
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Vídeo da entrevista aqui
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