1 de ago. de 2011

Empresas privadas disputam prêmio para chegar à Lua

Google dará 46,5 milhões de reais à equipe que conseguir chegar ao satélite até 2015

(The New York Times / iG) Agora que o último ônibus espacial pousou na Terra, uma nova geração de empreendedores espaciais gostaria de chamar a atenção para a possibilidade do homem voltar à Lua.

Estimulado por uma bolsa de US$30 milhões (R$ 46,5 milhões de reais) patrocinada pelo Google, 29 equipes se inscreveram em uma competição para se tornar a primeira empresa privada a pousar na Lua. A maioria delas não devem superar os desafios financeiros e técnicos para cumprir o prazo final do concurso em dezembro de 2015, mas várias equipes acreditam que têm uma boa chance de ganhar – e assumir a liderança no início de uma corrida para tirar proveito comercial do nosso vizinho celestial.

No mínimo, uma frota de naves espaciais não tripuladas pode estar a caminho da Lua nos próximos anos, com metas simples ou grandiosas.

Uma empresa do Vale do Silício, a Moon Express, está se posicionando como a futura companhia de entregas na Lua: se você tiver algo para enviar para lá, a empresa está à seu dispor. A Moon Express realizou recentemente uma festa para mostrar a capacidade de vôo de seu módulo lunar, com base em uma tecnologia licenciada da Nasa, e "para começar a próxima era da corrida comercial privada para a Lua", como explicava o convite.

"No futuro próximo, a Moon Express vai minerar a Lua em busca de recursos preciosos que precisamos aqui na Terra", prometia o convite. "Daqui a alguns anos, vamos todos nos lembrar que estávamos lá”.

Reality show lunar
Naveen Jain, um bilionário da Internet e co-fundador da Moon Express, diz que a empresa vai gastar entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões para tentar vencer o Google Lunar X Prize, mas que poderia recuperar seu investimento em seu primeiro vôo. Ele prevê vender direitos de transmissão exclusivos para o seu vídeo de chegada à Lua, bem como patrocínios, como aqueles existentes na Nascar, para que empresas coloquem seus logotipos na nave de exploração.

Ou, talvez, algo mais próximo dos programas de reality show.

"Não seria legal termos um ‘Moon Idol’, assim como temos o ‘American Idol?’", sugeriu Jain, que já fundou a Infospace e a Intelius. "Pegamos 10 competidores e gravamos suas vozes na lua para ver quem soa melhor".

(Não há ar na Lua para transmitir as ondas sonoras, mas "você poderia tocá-las através da poeira e ver o que soaria na superfície", disse Jain. Ele acredita que com um transporte lunar barato, não há como prever o que as pessoas irão fazer.)

Outro concorrente, a Tecnologia Astrobotic, pretende vender espaços em sua sonda lunar para agências espaciais e instituições científicas, que pagariam US$820.000 por libra para enviar as suas experiências `a Lua. A empresa, uma subsidiária da Universidade Carnegie Mellon, está construindo uma nave grande – muito maior do que a da Moon Express – capaz de transportar 240 libras de carga útil (leia-se: US$ 200 milhões de carga) e espera estar pronta para lançamento em dezembro de 2013.

"Podemos ganhar muito dinheiro mesmo se não ganharmos o prêmio", disse David Gump, presidente da Astrobotic, que tem sede em Pittsburgh. "Nós vamos obter um lucro substancial logo no primeiro vôo. Basicamente, nós vamos empatar mesmo com a venda de um terço da carga útil".

Os concorrentes do X Prize podem ser batidos por sondas e robôs que a China, Rússia e Índia planejam enviar à Lua ao longo dos próximos dois anos. Mas estes são caem nos moldes tradicionais, como sondas científicas construídas pelo governo.

Embora a Nasa tenha planejado enviar astronautas de volta à Lua, o seu programa foi cancelado no ano passado, vítima de cortes orçamentários e de novas prioridades. Mas ela concedeu US$500.000 à Moon Express, Astrobotic e um terceiro concorrente, o Rocket City, como a primeira parcela de até US$ 30 milhões que irá contribuir para os esforços do X Prize.

George Xenofos, gerente do Programa de Dados Lunares Inovativos da NASA disse que espera que uma ou mais equipes cheguem à Lua.

"Definitivamente não são as questões técnicas que os impedem", disse ele.

Os objetivos dos concorrentes não parecem enfrentar obstáculos legais. O Tratado do Espaço Exterior de 1967, ratificado por 100 países, impede que qualquer país reivindique soberania sobre qualquer parte da Lua, mas não impede que empresas privadas criem uma loja no local. Quanto à mineração lunar, ela poderia cair nos mesmos parâmetros legais da pesca em águas internacionais.

Embora algumas naves espaciais tenham caído na Lua nos últimos anos, 35 anos se passaram desde que uma espaçonave da Terra fez um pouso suave no local. Para algumas pessoas, isso parece um convite em atraso.

"Está é provavelmente a maior oportunidade de criação de riqueza na história moderna", disse Barney Pell, um ex-cientista da computação da Nasa que virou empresário e é co-fundador da Moon Express.

Enquanto a Moon Express pode inicialmente ganhar dinheiro através do envio de pequenas cargas, sua grande fortuna viria de trazer de volta platina e outros metais raros, disse Pell.

"A longo prazo, o mercado é enorme, sem dúvida", disse ele. "Esta não é uma questão de se. É uma questão de quem e quando. Esperamos que sejamos nós e em breve".

Como os prêmios de aviação que deram início à tecnologia de aviação um século atrás, o Google Lunar X Prize busca encorajar tecnólogos e empresários. Ele é administrado pela Fundação X Prize, que distribuiu US$ 10 milhões em 2004 para que a primeira equipe privada construísse uma nave espacial que púdesse transportar pessoas 97 quilômetros acima da superfície da Terra. (O vencedor, SpaceShipOne, foi construído pelo projetista aeroespacial Burt Rutan, com o apoio do magnata de softwares Paul Allen.)

Para a competição à Lua, o Google investiu US$ 30 milhões. Destes, US$ 20 milhões irão para a primeira equipe a pousar uma nave espacial na Lua, explorar 500 metros e enviar um vídeo e fotos em alta definição. A segunda equipe vai ganhar US$ 5 milhões e os restantes US$ 5 milhões pagará prêmios de bônus como sobreviver a uma noite gelada na Lua ou viajar mais de 5.000 metros sobre a superfície.

Nem todos os concorrentes veem cifrões na lua. A Rocket City Space Pioneers, um consórcio de empresas, está usando seu esforço lunar em grande parte para criar tecnologia de mercado que permitirá que cargas múltiplas compartilhem um foguete, reduzindo os custos de lançamento. (Em outras palavras, quando enviar seu modulo à Lua, o foguete de lançamento poderia aproveitar para colocar alguns satélites em órbita.)

"Eu acho que a Lua é tão cara que nós ainda não sabemos como será esse mercado", disse Tim Pickens, engenheiro-chefe de propulsão da Dynetics, uma empresa de Huntsville, Alabama, que está conduzindo o esforço da Rocket City.

Enquanto isso, na Moon Express, a imaginação Jain vai longe. Um robô poderia rabiscar um pedido de casamento na poeira lunar, tirar uma foto e enviá-lo para a amada do cliente na Terra. Uma cápsula do tempo cheia de lembranças ou contendo um fio de cabelo de alguém – e seu DNA – poderia ser enviada à Lua, onde iria persistir imutável no ambiente sem ar.

"As pessoas irão se tornar parte da exploração da Lua", disse Jain, “e isso nunca foi feito antes”.

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