28 de out. de 2011

Rubens de Azevedo faria 90 anos



(Nelson Travnik) Geógrafo, astrônomo, escritor, jornalista, artista plástico e poeta, nasceu em Fortaleza, Ce, no dia 30 de outubro de 1921, filho do pintor e poeta Otacílio de Azevedo. Ainda na adolescência um amigo costumava-lhe emprestar a coleção “Tesouros da Juventude” e a partir dele Rubens correu atrás de saber o que havia além das estrelas. Mais tarde, como ele dizia, por uma questão de pobreza, pois sua luneta era pouco potente, passou a observar e estudar a Lua. Foi o primeiro passo para reunir interessados e fundar em 1947 na casa de seu pai, em Fortaleza, a primeira associação criada no Brasil, a “Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia””, SBAA. No teto de sua casa construiu o ‘Observatório Popular Flammarion’ onde realizou notáveis desenhos do cometa 1948 L.

Em 1949 conheceu aquela que seria sua esposa e fiel companheira em todos os momentos, Jandira Carvalho de Azevedo, escritora, jornalista e poetisa. A ‘parceria’ Rubens e Jandira foi decisiva nas obras de ambos. Residiram em São Paulo, capital, Natal, RGN, João Pessoa,PB e voltaram a Fortaleza. Não tiveram filhos. Na capital paulista fundou a “Sociedade Brasileira de Selenografia” e participava do circulo estreito de abalizados amadores que freqüentava o Observatório do Capricórnio, fundado por Jean Nicolini (1922-1991). Foi uma época extremamente fértil para Rubens. É desta época os livros “Selene ao Alcance de Todos” (1959) e “Lua, Degrau para o Infinito” (1962).

Residindo em Natal, RGN, junto a ‘Associação Norte-Riograndense de Astronomia’, ANRA, foi juntamente com o Dr. Antonio Soares Filho, a mola mestra para a realização do ‘IV Congresso da Liga Latino Americana de Astronomia’. O brilhantismo e os meios colocados à disposição pelo Governador do Estado, W. Gurgel foi de tamanha envergadura que nunca mais se viu coisa parecida no País.

Em 1969 em João Pessoa, Pb, face a sua notória e reconhecida experiência, por indicação do renomado astrônomo Dr. Ronaldo R. F. Mourão, do Observatório Nacional, CNPq-MCT, foi indicado para fazer parte da equipe inicial de cinco astrônomos que iria colaborar com observações no projeto Apollo da NASA-JPL, denominado ‘Lunar International Observers Network‘, LION, coordenado pela Smithsonian Institution. Durante o programa, Rubens realizou uma importante constatação de aumento incomum no brilho da cratera Aristarco. A presença de Rubens em João Pessoa propiciou a construção do ‘Observatório da Fundação Padre Ibiapina, fator decisivo para mais trade o CEDATE-MEC doar um Planetário Spacemaster da Zeiss para esta capital. Devido a ele em julho de 1970 foi realizado em São Gonçalo, Souza, Paraiba, o ‘Primeiro Encontro Nacional de Astronomia’ promovido pela Fundação Padre Ibiapina de João Pessoa.

De volta a terra natal, juntamente com o Prof. DermevaL Carneiro Neto, amigo e companheiro, incentivou a ciência do céu a tal ponto de sensibilizar dois importantes colégios, Christus e Sete de Setembro, a promoverem cursos regulares de astronomia e erigirem excelentes observatórios em suas unidades. Não somente a SBAA como também a UBA, União Brasileira de Astronomia, experimentou um grande progresso sobre atuação de Rubens de Azevedo. Devido aos seus artigos, persistência, contatos feitos com o prefeito de Fortaleza, o Governador do Estado e no meio científico, é inaugurado no dia 26 de fevereiro de 1997 no ‘Instituto Cultural Dragão do Mar’ na Praia de Iracema, o “Planetário Rubens de Azevedo” que conta atualmente com um moderníssimo projetor Carl Zeiss ZKP-4. O nome dado por proposição do prof. Dermeval C. Neto a uma pessoa ainda viva, fato incomum, é um eloqüente atestado do conceito e admiração não só do cearense mas de toda a comunidade astronômica nacional a um gigante da ciência do céu em nosso País.

Em 1962 escreveu ‘Na Era da Astronáutica’, em 1969 ‘No Mundo da Estelândia’, em 1985 ‘O Cometa Halley’, em 1988 ‘A Bandeira Nacional’, em 1989 ‘O Homem Descobre o Mundo’ e em 1996 ‘Memória de um Caçador de Estrelas’ (autobiografia). Ilustre e reconhecido no meio científico, Rubens fez pela astronomia brasileira muito mais que poucos imaginam. Quando se trata de nosso satélite natural, seu nome está indelevelmente ligado na bibliografia astronômica. Seu nome consta do ‘Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica’, 2ª edição da Editora Nova Fronteira, do renomado astrônomo Ronaldo R.F. Mourão por sinal, um de seus admiradores. De temperamento alegre e jovial, os que conviveram com ele guardam sempre momentos inesquecíveis.

Desde o falecimento da esposa “O Maior Amor” como intitulou em um dos capítulos de sua autobiografia, sua saúde começou a declinar sensivelmente vindo a falecer às 18h00 do dia 17 de janeiro de 2008 .A astronomia brasileira perdia uma de suas figuras mais expressivas. Seu nome está perenizado no ‘roll-off’ do Observatório Astronômico de Piracicaba,SP e no coração dos seus amigos e admiradores.

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