
(Scientific American Brasil) Uma equipe de físicos relatou em setembro que as minúsculas partículas subatômicas, conhecidas como neutrinos, poderiam violar o limite da velocidade cósmica estabelecida pela teoria especial da relatividade, de Einstein. Os pesquisadores que trabalharam em um experimento chamado OPERA, do CERN, laboratório de física de partículas próximo à Genebra, irradiaram neutrinos, através da crosta terrestre, para o Gran Sasso National Laboratory, em L'Aquila, laboratório de física do subsolo, na Itália. Conforme estimativas dos cientistas, os neutrinos chegaram ao seu destino cerca de 60 nanossegundos mais rápidos que a velocidade da luz.
Especialistas advertiram cautela, especialmente porque uma medição anterior da velocidade de neutrinos tinha indicado, com alta precisão e exatidão, que os neutrinos respeitam o limite de velocidade cósmica. Em um artigo resumo publicado on-line em 29 de setembro, Cohen e Andrew Sheldon Glashow da Boston University, calcularam que qualquer neutrino viajando mais rápido que a luz perderia energia depois de emitir e deixando para trás um rastro de partículas mais lentas, que seriam absorvidas pela crosta terrestre. Esse rastro seria análogo a um estrondo sônico deixado para trás por um caça supersônico.
Porém, os neutrinos detectados em Gran Sasso eram tão energéticos como quando deixaram a Suíça, apontaram Cohen e Glashow, lançando dúvidas sobre a veracidade das medições de velocidade.“Quando todas as partículas têm a mesma velocidade máxima alcançável, não é possível para uma partícula perder energia emitindo outra”, explica Cohen. “Mas se a velocidade máxima das partículas envolvidas não são todas iguais”, então isso pode acontecer.
Um efeito desse tipo é bem conhecido nos casos em que os elétrons têm o limite de velocidade mais elevado (velocidade da luz), e tem a luz própria inferior, porque é desacelerado por viajar em um meio como água ou ar. Os elétrons podem então se mover em um meio a uma velocidade superior à velocidade máxima dos fótons, no mesmo meio, e podem perder energia por emissão de fótons. Esta transferência de energia entre as partículas, com limites de velocidades diferentes, é chamada de radiação Cherenkov e faz os tanques dos reatores de usinas nucleares brilharem com uma luz azulada.
No caso dos neutrinos, Cohen e Glashow calculam que o rastro geralmente consiste em elétrons emparelhados com os gêmeos da sua antimatéria, os pósitrons. Crucialmente, a taxa de produção desses pares elétron-pósitron é tal que um típico neutrino superluminal emitido no CERN perderia a maior parte de sua energia antes de atingir Gran Sasso. Então novamente, talvez eles não fossem superluminais ao iniciar.
“Acho que isso encerra o caso”, diz Lawrence M. Krauss, um físico teórico da Arizona State University. “É um artigo muito bom”. Então Albert Einstein estava certo, afinal? A relatividade de Einstein substituiu a física de Isaac Newton, e físicos, sem dúvida, continuam tentando encontrar falhas nas teorias de Einstein. “Nós nunca paramos de testar nossas ideias”, diz Cohen. “Mesmo aquelas que foram bem estabelecidas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente