Especialistas discutem se vão adequar os relógios à rotação da Terra ou se devem abolir a tradição e permanecer apenas com os horários estabelecidos por computadores
(Estadão) Por um segundo, governos travam uma batalha científica e, acima de tudo, comercial. Nesta quarta, 18, técnicos e negociadores de todo o mundo estão se reunindo em Genebra para decidir se devem manter a prática das últimas décadas de corrigir os relógios do mundo para se adequar à rotação da Terra ou se devem abolir a tradição e permanecer apenas com os horários estabelecidos por computadores ultrassofisticados.
Para garantir que o mundo esteja sempre no mesmo padrão de horário, 400 relógios atômicos foram distribuídos pelo planeta há anos. Mas, como a rotação da Terra não é sempre igual e pode ser afetada até mesmo por terremotos, esse horário absolutamente preciso marcado pelos relógios atômicos precisa ser corrigido uma vez a cada quatro ou cinco anos. Isso é feito adicionando um segundo a mais nos relógios, permitindo a sincronização do horário oficial mundial com o horário astronômico, que respeita a real rotação da Terra.
O problema é que essa prática também exige que computadores de todo o mundo tenham de ser reajustados, muitas vezes de forma manual. Muitos deles administram sistemas de segurança e de transações financeiras. A interrupção, portanto, acaba tendo custos elevados.
Há uma década, governos começaram a debater o assunto e os Estados Unidos e a França lideraram aqueles que sugerem que isso seja abolido, depois de 40 anos de uso.
Mas a Grã-Bretanha e a China têm outra avaliação. Para esses governos, a medida que poderia ajudar a indústria de telecomunicações acabaria criando uma discrepância entre o tempo do planeta e o horário atômico. A cada várias décadas, essa discrepância aumentaria. Em séculos, o horário mundial poderia estar a vários minutos de diferença do tempo astrológico.
“Essa não é uma questão técnica. Mas sim uma questão de sociedade. Precisamos nos perguntar se queremos manter a tradicional ligação com o tempo astronômico”, alertou Peter Whibberley, cientista inglês que liderará a delegação de Londres na reunião da União de Telecomunicações Internacionais, que ocorre nesta quarta.
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