27 de mar. de 2012

A água que flui na Terra

(Ulisses Capozzoli - Scientific American Brasil) Na quinta-feira passada foi comemorado o Dia Internacional da Água por iniciativa da assembléia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de fevereiro de 1993.

O tema deste ano foi Segurança da Água e da Comida.

Não deixa de ser surpreendente que no “Planeta Água”, com 75% de sua superfície coberta por água líquida, a civilização humana se ressinta desse recurso básico para a manutenção da vida.

O que ocorre, no entanto, é que do 1,35 bilhão de km³ de água disponível na Terra, apenas 11 mil km³ são apropriados para consumo direto, abastecimento da agricultura e mesmo industrial.

Esse é o volume de água potável renovável, a cada ano, pelo ciclo hidrológico.

O ciclo hidrológico permite a água em seus três estados: sólido, líquido e gasoso, versatilidade possibilitada pelo que os físicos chamam de “ponte do hidrogênio”.

Mas esse potencial do hidrogênio só se realiza porque a Terra está a uma distância do Sol que os astrônomos chamam de “zona de vida”.

Isso significa uma quantidade de energia balanceada para permitir variações na quantidade de calor que cria nuvens no céu, neve e gelo nas montanhas e nas regiões polares e água líquida nos oceanos, mares, lagos e rios.

O único planeta em todo o Universo onde temos absoluta certeza de que chove água é na Terra.
Certamente, muitos outros planetas em torno de bilhões de estrelas desta e de bilhões de outras galáxias, têm precipitação sob a forma de chuva ou neve.

Mas a Terra é a único mundo onde temos certeza de que isso de fato ocorre.

Titã, por exemplo, lua de Saturno, tem chuva.

Mas ela é ácida e corrosiva e não precipitações que asseguram a vida como ocorre na Terra.
Ao contrário do que se pode pensar inicialmente, a água é uma substância abundante e muito antiga no Universo.

Tão logo as primeiras estrelas sintetizaram oxigênio (a partir da fusão de enormes nuvens de hidrogênio de que as primeiras estrelas foram constituídas) e espalharam esse gás pelo meio interestelar, a água se formou, já que é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

A nebulosa do Órion, na constelação que tem esse nome, por exemplo, é uma fonte cósmica de água.

Gigantescas nuvens de hidrogênio e oxigênio em Órion produzem, a cada dia, o equivalente a toda a água disponível na Terra.

A ONU e a Unesco, órgão da ONU para educação, ciência e cultura, têm manifestado sistemática preocupação com o abastecimento de água em todo o mundo.

Na África, por exemplo, em muitos pontos, as mulheres, tradicionais transportadoras de água, são vítimas sistemáticas de crocodilos e hipopótamos, quando se aproximam de cursos d’água para abastecer suas famílias.

A água é fonte de vida, mas também pode ser o vetor da morte quando está poluída, envenenada ou comprometida por microrganismos patógenos.

A água que escorre pela superfície da Terra em rios ou correntes marinhas se formou da nuvem da gás que deu origem ao planeta. Mas nem toda ela.

Parte da água da Terra chegou aqui foi transportada por cometas que se chocaram com o planeta e deram origem a crateras de impacto, ou astroblemas.

Perto de 60% da massa de um corpo humano é representado por água.

E como parte dessa água foi cometa, parte do corpo de cada um de nós também foi cometa no passado mais remoto.

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