Informativo: Conte-nos um pouco de sua história na Instituição.
Marcos Neves: Iniciei como técnico de laboratório em 1987, no Departamento de Eletrotécnica, onde trabalhei por sete anos. Em 1995 prestei concurso para docente – sou licenciado em Física e mestre em Educação – e comecei a lecionar Física vinculado ao Departamento de Formação Geral (hoje DALTEC). Atualmente dou aulas nos Cursos Superiores de Tecnologia, e sou coordenador do PROEJA, que oferta o Curso Técnico em Enfermagem no Campus Florianópolis e o Técnico em Cozinha em parceria com o Campus Florianópolis-Continente.
I: Além das aulas de Física você também desenvolve interessantes atividades na área da Astronomia... Quando começa a história da Astronomia em nossa Instituição?
M: Nas 2ª fases dos Cursos do Ensino Médio já era possível abordar alguns conceitos mais gerais, quando estudávamos sobre as Leis de Kepler, gravitação universal, etc. Mas foi em 2001 que criamos o primeiro projeto diretamente relacionado à astronomia, denominado Leitura do Céu e Objetos Celestes, oferecido aos estudantes das 5ª fases como possibilidade de PI – Projeto Integrador. O projeto teve continuidade até 2004, quando participamos do “Observatórios Virtuais”- projeto nacional apoiado pela organização internacional Vitae que contemplou cinco escolas públicas (sendo duas no Sul: Florianópolis e Porto Alegre) com recursos para aquisição de telescópios [ver http://www.telescopiosnaescola.pro.br]. Aqui em Florianópolis formou-se uma parceria entre a UFSC e o então Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET): o telescópio adquirido ficou sob os cuidados da Universidade, onde também foi montado um Observatório, e dois computadores foram cedidos à nossa Instituição para os alunos acessarem remotamente as observações astronômicas através de um software específico. Na época também participamos de uma formação no INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais].
I: E o NEOA – JBS [Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brazilício de Souza], onde entra nesta história?
M: Com a extinção do Curso de Ensino Médio [no formato tradicional, posteriormente substituídos pelos Cursos Técnicos Integrados] os Projetos Integradores passaram a ser realizados nas primeiras e segundas fases num novo formato e não mais com alunos da 5ª fase. Assim optamos por abrir o projeto Leitura do Céu e Objetos Celestes para a comunidade externa e alunos com prévio interesse em Astronomia. O que era um projeto transformou-se em um Programa de Extensão quando um grupo de astrônomos amadores se reuniu para formar um clube de Astronomia, que foi denominado “José Brazilício de Souza”, em homenagem ao músico, historiador e observador astrônomo, que também é o autor do hino de Santa Catarina. Inclusive, entre as pessoas que iniciaram as atividades do grupo estava a própria neta de José Brazilício.
I: E além de você, houve a participação de outros servidores do IF-SC na fundação do grupo?
M: Daqui participamos eu e a Angelita, que era professora substituta, mas que agora não é mais servidora da Instituição.
I: Qual a estrutura atual do NEOA e como se dá a sua relação com o IF-SC?
M: O NEOA é vinculado à Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão (antigo Departamento de Ensino). Em 2009 foi elaborado o regimento do Núcleo, e em 2010 participamos de um Edital Nacional do MEC para compra de um telescópio com GPS (capaz de localizar os objetos celestes desejados). A Coordenação de Observação está com o Alexandre Amorim, referência em observação amadora no Brasil, e também ex-aluno do Curso de Eletrotécnica. Também editamos, há dois anos ininterruptos, o boletim “Observe”, nosso informativo mensal.
M: Como o NEOA não possui sede própria, não há uma periodicidade exata para os encontros. Mas é possível cadastrar-se no site www.pagina.de/neoa e passar a receber o “Observe”, que traz o calendário de eventos, palestras, reuniões, observações, etc.
I: Quais os próximos eventos programados?
M: Neste momento temos dois eventos agendados: nos dias 13 e 14 de julho ocorrerá o I Simpósio Catarinense de Astronomia, que será realizado inteiramente no IF-SC e contará com oficinas e minicursos. E de 18 a 22 de julho ocorrerá a Semana de Arqueoastronomia, evento que acontecerá em diversos locais da cidade e do qual o IF-SC participará sediando exposições e uma palestra no dia 18/07. Ambos os eventos são gratuitos e abertos à comunidade.
I: Mudando de assunto... No final deste mês e no início de julho Florianópolis abrigará o II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica (FMEPT). Qual a sua expectativa para este encontro?
M: O Fórum Mundial de Educação surge no contexto do Fórum Social Mundial, concebido para ser um espaço de discussão da sociedade civil, sem interferência governamental. Ocorre que, a partir do momento em que o FMEPT é financiado quase que exclusivamente pelo governo, corre-se o risco de deixar de ser um espaço de reflexão crítica e tornar-se um espaço de propaganda governamental. A minha expectativa para o Fórum é que este seja um espaço para reflexão dos limites, possibilidades e acertos das políticas públicas para a Educação Profissional e Tecnológica implementadas pelo atual governo.
I: Com o processo de expansão em curso e o consequente crescimento da Instituição em diversos aspectos, percebemos um certo distanciamento entre as pessoas que fazem o dia a dia do campus. O aumento no número de cursos e na oferta de vagas, e, consequentemente, no número de servidores e estudantes ingressantes, ao mesmo tempo em que reflete um período de franco desenvolvimento institucional também pode acarretar um cenário onde as pessoas pouco interagem fisicamente. O que você pensa a respeito?
M: Entre os docentes, o processo de crescimento levou os professores a ficarem mais nos espaços de seus Departamentos Acadêmicos, ocasionando uma desagregação. Um aspecto fundamental para preservar os laços de solidariedade é pensar em uma política cultural interna para congregar as pessoas. Outra questão verificada é que a expansão ocorre em um curto espaço de tempo e há muitos servidores novos ingressando na Instituição neste momento, o que pode gerar esta situação de “isolamento”. Isso pode ser superado com o passar do tempo, desde que tenhamos como prioridade construir coletivamente as decisões que definam os rumos da Instituição. Articulações entre Instituição, Sindicato e entidades representativas dos estudantes também podem colaborar neste sentido e ir contra esta tendência de afastamento físico.
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