30 de nov. de 2012

Aulas mais instigantes para disseminar a astronomia no Brasil

Em 2 de dezembro, comemora-se o dia dessa ciência


(Mercado da Comunicação) A astronomia é uma das áreas do conhecimento que mais intrigam as pessoas. Desde 2 mil a.C, civilizações antigas - como chineses, gregos, egípcios e muçulmanos - tentavam entender fenômenos através de observações dos astros a olho nu e por meio de instrumentos rudimentares.

No Brasil, o grande incentivador da ciência astronômica foi D. Pedro II. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia (SBAA), fundada em 1947, decidiu instituir o Dia da Astronomia no Brasil em 2 de dezembro – data de nascimento do imperador – dando o título ao ex-monarca de patrono da Astronomia Brasileira.

E para ajudar a disseminar esse conhecimento entre os jovens, diversos professores no país têm trabalhado duro. No Rio de Janeiro, por exemplo, funciona a sede da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).

Além da olimpíada, que reúne, todo ano, quase 800 mil estudantes de escolas públicas e particulares, a OBA ainda realiza a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), as Jornadas de Foguete e Espacial e os Encontros Regionais de Ensino de Astronomia (EREAs).


À frente do projeto, o astrônomo e professor de Física e de astronomia João Batista Garcia Canalle diz que a proposta da OBA é realizar “capacitações de professores dos ensinos fundamental e médio”. Canalle ressalta que o objetivo da olimpíada é fomentar o interesse pela Astronomia e ciências afins, promovendo a disseminação dos conhecimentos básicos de forma lúdica e cooperativa.

- Nossa principal meta é fornecer dados corretos e atualizados aos alunos e professores. Distribuímos e ensinamos a fazer lunetas e planisférios celestes rotativos de baixo custo. Promovemos observações astronômicas, mostramos como se montam protótipos de foguetes e fazemos maquetes dos volumes dos planetas - informa.

Do Oiapoque ao Chuí, cada vez mais professores se juntam à causa. Por meio da OBA, eles se atualizam com as novas metodologias e atividades práticas para fomentar a busca do conhecimento em seus alunos. “Queremos mostrar o que se encontra além dos livros didáticos”, afirma.

Bom exemplo vem de Iepê, uma cidade do interior de São Paulo com cerca de 7 mil habitantes. Para transformar as aulas num verdadeiro palco, a professora do ensino médio, Maria Salete, montou o Show de Física e o Astro Show.

Os experimentos dos “Shows” são relacionados ao atrito, ventosa plana, plataforma giratória, nitrogênio líquido, plasma, forças resultantes, temperatura e pressão e composição do ar.

De forma teatral, mas num tom descontraído e com doses de suspense e curiosidade, os alunos brincam de maneira lúdica com os elementos da física, misturando o “inesperado” com o “mágico”. “No palco, por exemplo, são utilizados balões coloridos e pacotes de salgadinhos, além de nitrogênio líquido e acessórios construídos pelos próprios alunos”, explica.

- Qualquer pessoa que tenha formação básica sólida e abrangente pode entender muitos dos fenômenos do cotidiano e relacioná-los com princípios e leis da Ciência. E o nosso objetivo é mostrar tudo isso de uma forma divertida e deixar claro que o conhecimento científico não é um processo inacessível – diz Salete.

Outro trabalho que tem dado muito certo é do professor Josiel Silva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM) de Presidente Figueiredo (AM). Com o objetivo de estimular os estudantes, ele criou o Projeto de Iniciação Cientifica Junior (PIBIC- Jr). Consiste em eleger um aluno bolsista para ser o grande incentivador dos colegas para participação nas atividades voltadas à Astronomia.

- A partir daí, realizamos oficinas didáticas para ensinar a construir relógios de sol e reunimos as turmas para observações astronômicas. Além disso, esse estudante distribui nas salas pequenos panfletos com informações atuais sobre eventos astronômicos, como, por exemplo, a conjunção de alguns planetas – explica.

Segundo Silva, ainda são ministradas aulas específicas sobre temas astronômicos, além de realizar atividades propostas pela OBA e pela MOBFOG. “Vimos que diversos alunos ficaram motivados com essa nova metodologia. Queremos continuar esse trabalho instigando cada vez mais os jovens a buscarem conhecimento”.

Outro exemplo vem do Colégio Pedro II, em Realengo, no Rio de Janeiro. O professor André Tato vem incentivando os alunos com cursos de Astronomia Básica, em horários alternativos, com aulas extraclasses. “Isso tudo começou após a participação na OBA em 2005. A olimpíada ainda serviu como um fornecedor de material de estudo”, informa.

E mesmo não “valendo ponto”, Tato diz que a sala está sempre cheia: “só vai quem tem o prazer de aprender. É normal faltar cadeira para todos os alunos interessados”.

A atividade vem complementando as aulas convencionais não apenas para Física, mas também para Geografia. Segundo ele, o curso têm ajudado, até mesmo, para a preparação para o ENEM.

- Durante as aulas de Mecânica, tenho utilizado a Astronomia como tema motivador e ilustrativo. Quando trabalho os sistemas de referência, por exemplo, em vez de me limitar a um carro ultrapassando o outro, analiso também um planeta ultrapassando o outro, a fim de mostrar o movimento aparente dos astros e suas implicações para o desenvolvimento da ciência. E foi justamente isso que caiu, esse ano, na questão de número 80 (prova rosa) do Enem – exemplifica Tato, que já iniciou um minicurso sobre Relatividade Básica para complementar o de Astronomia com o objetivo de auxiliar os alunos que vão participar da seletiva para as Olimpíadas Internacional e Latino-Americana de Astronomia em 2013.


Há um projeto de Lei que visa instituir oficialmente o Dia Nacional da Astronomia no Brasil. No entanto, ainda não foi sancionada (Lei N.º 5.931, DE 2009, http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=447791)

Mas há estados, como o Rio de Janeiro, que aprovaram o Dia do Astrônomo em 02/12. (Lei 4.835, de 2006, -http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/e9589b9aabd9cac8032564fe0065abb4/840ac32f6dd4014f832571db006f5696?OpenDocument)
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E mais:
Professor do Amazonas deixa aulas de astronomia mais instigantes (A Crítica)

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