24 de abr. de 2013

O céu dos homens



(Victor Alencar - O Povo) Levantar a cabeça e olhar para o firmamento. Observar a lua e a mudança da sua aparência ao longo de um mês. Admirar o brilho intenso de Vênus. Esses e muitos outros são exemplos de atividades que o homem, desde as épocas mais remotas da História, desempenhou. O ato de olhar para o céu provavelmente nasceu, na aurora da humanidade, como fruto da curiosidade comum em cada ser humano, mas com o passar do tempo, o céu deixou de ser apenas um atrativo curioso para se tornar um centro de misticismo, onde o fantástico e o imaginário permeavam tanto a abóbada estrelada quanto a mente do homem.

Um dia. Uma noite. Uma bola de fogo. Uma pedra brilhante. Talvez fosse assim que a mente primitiva analisasse a repetição entre os períodos diurno e noturno. Dessa forma a bola de fogo (sol) e a pedra brilhante (lua) começavam a ser tornar figuras importantes no cotidiano dessa época, se transformando assim, pouco a pouco, em verdadeiros ícones para aquelas pessoas. Não havia a ideia de estrelas, das leis físicas que regem o Universo, dos planetas e nem de que a própria Terra era um planeta. Por isso, as primeiras associações feitas pelos primeiros seres humanos associaram o sol a algo que fazia parte do seu cotidiano como, por exemplo, uma bola de fogo.

De certa forma, o ato de observar o firmamento deixava-os íntimos dos elementos celestes. Assim como as pessoas, as estrelas e planetas receberam nomes para que pudessem ser identificados de uma forma única. A observação diária do céu fez com que as peculiaridades dos corpos celestes fossem identificadas. Os planetas, por exemplo, se fizeram notar por sua trajetória diferente das estrelas e pelo brilho distinto. Aos poucos eles também ganharam importância para os povos antigos.

Os ícones celestes, presentes no cotidiano daqueles seres humanos, iam aos poucos ganhando importância e se transformando em possíveis explicações para os fenômenos terrestres. Época de boa caça, época de colheita, enchentes e tantos outros fenômenos eram associados aos astros. Assim o que antes nasceu apenas da curiosidade, começava a se transformar em necessidade.

No Egito antigo, quando a estrela mais brilhante do céu, Sirius (conhecida por eles pelo nome Sothis), nascia junto com o sol, era a época de enchente do rio Nilo. Logo depois, o volume de água voltava ao normal, e as margens do rio estavam fertilizadas e boas para o plantio.

O dia e a noite, as fases da lua, as épocas de plantio e colheita, com hábito da observação celeste nasceram a noção de periodicidade e a ligação direta deste com os ícones celestes. Nascia assim a adoração às figuras celestes, a astrolatria.

As figuras celestes, agora divinizadas, eram presenças importantes na estrutura social daquelas pessoas, que ainda viviam em cavernas. Assim como era importante para eles registrar boas caças e outros eventos, as divindades que habitavam aquele mundo sobre suas cabeças começavam a ser registradas também e em todas as partes do planeta.

Pinturas, esculturas, escrituras e até os mais grandiosos templos foram edificados com referências celestes. Por exemplo, no interior sudoeste da França, existe uma gruta, conhecida como Gruta de Lascaux, com vários corredores repletos de pinturas datadas do período Paleolítico, com cerca de 17.000 anos de idade. Em Lascaux, há diversos desenhos retratando constelações como a constelação do Touro e relações entre as lunações e períodos de caça.

Todo o misticismo associado aos ícones celestes e às explicações fantásticas atribuídas a eles começavam a se tornar bastante importantes para as sociedades antigas. As pessoas que detinham os maiores conhecimentos sobre o céu geralmente também detinham grande prestígio entre o grupo. Aos poucos, esse prestígio foi aumentando de dimensão e passando a se transformar até em poder político, como em algumas civilizações. Essas pessoas tornaram-se os primeiros sacerdotes da História. Exemplos deles são encontrados em várias culturas como a egípcia e a babilônica.

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