19 de out. de 2013
A amante oficial da ciência no Facebook
(O Globo) O nome é desbocado. O que não impede que 7,5 milhões de pessoas, entre elas figuras eminentes, como o escritor Richard Dawkins, curtam a página do Facebook “I fucking love science” — em uma tradução educada, “Eu gosto de ciência pra cacete”. Em entrevista ao jornal britânico “Guardian”, a sua criadora, a bióloga inglesa Elise Andew, de 24 anos, ainda não acredita no sucesso de seu refúgio nerd na rede social.
A missão da IFLS (abreviação e nome mais elegante da página) é resumida em uma frase de Isaac ‘Asimov’: “A frase mais excitante de ouvir na ciência, aquela que anuncia novas descobertas, não é ‘Eureca!’, e sim, ‘Isso é divertido’”. Entre compartilhamentos e comentários, a IFLS ganha de 10 a 15 mil novos seguidores por dia. O sucesso a fez criar um canal no YouTube e, quem sabe, renderá ainda um site e um programa de TV.
— No ano passado, se você me contasse que isso aconteceria, eu respondaria que você enlouqueceu — reage Elise.
Elise mistura ilustrações, resumos em linguagem simples de estudos recentes (como “Pesquisadores descobrem como e onde a imaginação se origina no cérebro”) e bizarrices, como um vídeo de estudantes que explicam a teoria das cordas com a melodia ópera-rock “Bohemian Rhapsody”, da banda Queen.
Segundo a criadora da página, os posts sobre HIV e câncer são os mais populares. Outros temas, como astrofísica e astronomia, ainda são áridos. Elise alega não conhecer o suficiente dessas áreas para poder mandar links ou palpites.
A página surgiu em março de 2012, fruto de uma grosseria. A inglesa cursava o último ano de Biologia da Universidade de Sheffield, “trabalhando na minha dissertação e adiando-a o máximo possível”, uando um amigo a pediu para que parasse de postar histórias de ciência em sua página no Facebook, “porque estava enchendo o saco dele e ele iria me bloquear. Ele, então, me sugeriu criar uma página especial para isso. Foi meio babaca da parte dele, mas estou grata pela ideia”.
Dois meses atrás, Elise criou um canal no YouTube para sua página. O canal de vídeos proporciona o compartilhamento da receita por visualizações, uma ferramenta ainda não disponível no Facebook. Elise, assim, vai abastecer o cofre que, hoje, era nutrido apenas pela venda de camisas — e, também, pelo emprego fixo como gerente de mídias sociais de uma empresa em Toronto, no Canadá.
— Gosto da estabilidade, de ter um contracheque no fim do mês — explica. — Alguns sites me oferecem dinheiro para que eu indique exclusivamente seus links, mas gosto da minha independência e não quero perder a confiança de nossos leitores. São muitas ofertas, mas posso me dar o direito de escolher.
Os pais, enfim, foram convencidos de que a brincadeira de Elise transformou-se em coisa séria.
— Eles me apoiaram muito desde o início, mas estavam preocupados com a possibilidade de eu não me focar na busca por um emprego — lembra a inglesa. — Até hoje eles dizem: “Pelo amor de Deus, sai do Facebook, faça algum trabalho de verdade. Opa, este é seu verdadeiro trabalho agora".
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