10 de out. de 2013

NASA sofre boicote após recusar cientistas chineses

Astrofísicos americanos decidiram boicotar importante conferência para protestar contra decisão de impedir a participação de pesquisadores chineses


(AFP/Exame) Astrofísicos americanos decidiram boicotar uma importante conferência de astronomia da NASA, em novembro, para protestar contra sua decisão de impedir a participação de pesquisadores chineses, justificado por razões de segurança nacional.

Esta decisão, inicialmente revelada pela imprensa britânica, foi confirmada à AFP por Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Marcy, um dos iniciadores do boicote, disse que em sua opinião, a exclusão dos cientistas chineses é "totalmente vergonhosa e contrária à ética".

"Não posso participar por razões de consciência em uma conferência que discrimina, como esta faz", escreveu em mensagem eletrônica endereçada aos organizadores do colóquio sobre descobertas de exoplanetas com o telescópio americano Kepler.

"Esta conferência trata de planetas que estão a bilhões de km, com nenhum aspecto vinculado à segurança nacional", acrescentou.

A NASA rejeitou os pedidos de participação de cientistas chineses nesta conferência, que será realizada entre 4 e 8 de novembro, em uma instalação da NASA em Mountain View, Califórnia, sobre a base de uma lei aprovada em março pelo Congresso, que proíbe a qualquer cidadão chinês em uma instalação da agência espacial.

A agência espacial americana "não pode fazer outra coisa", explicou à AFP John Logsdon, ex-diretor do Space Policy Institute de Washington e membro atual do comitê consultivo da NASA.

As restrições estão incluídas em uma lei aprovada em 2011 e promulgada pelo presidente Barack Obama, que impede que recursos da NASA sejam empregados para colaborar com a China ou para receber visitantes chineses nas instalações da agência espacial.

No entanto, o redator da lei, o legislador republicano Frank Wolf, explicou esta terça em carta aberta o chefe da NASA, Charles Bolden, que a agência espacial havia "mal interpretado" o texto legal, que "não impõe nenhuma restrição sobre as atividades de cidadãos chineses, a menos que sejam representantes oficia do governo".
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