Saiba o que está por trás das aparentemente aleatórias letras e números que compõem os nomes das estrelas.
(Ciência Hoje) Recentemente, noticiamos aqui na CH On-line a descoberta da mais velha estrela gêmea do Sol, batizada de HIP 102152. O nome nada amigável não é exceção entre as estrelas, mas a regra. De fato, alcunhas mais palatáveis, como Sirius, Aldebaran e Betelgeuse, são escassas frente aos milhares de nomes com letras e números registrados.
O batismo oficial das estrelas segue padrões fixos estabelecidos pela União Astronômica Internacional (IAU). Cada estrela descoberta é registrada em um catálogo e é daí que vêm as letras e os números que compõem seu nome. Pode parecer aleatório, mas, na verdade, é muito simples: HIP 102152 significa que essa é a 102152ª estrela do catálogo do satélite Hipparcos.
“Nomes próprios funcionam para grupos pequenos de objetos, como os planetas ou as estrelas vistas a olho nu, mas são inúteis para designar grandes quantidades de objetos, como as milhares de estrelas que conhecemos”, explica o representante da IAU Johannes Andersen, da Universidade de Copenhagen. “O mesmo acontece com humanos: encontrar o João da Silva no Brasil só pelo seu nome é quase impossível, mas se você tiver o CPF, pode encontrá-lo mesmo sem saber seu nome.”
Algumas estrelas estão registradas em mais de um catálogo e, por isso, possuem mais de um ‘nome científico’. A própria HIP 102152 pode ser também chamada de HD 197027 e LTT 8184.
Mesmo as estrelas conhecidas há mais tempo – e, por isso, batizadas com nomes tradicionais em árabe e grego – estão catalogadas. Betelgeuse, na constelação de Órion, por exemplo, também é chamada de HR 2061, BD +7 1055, HD 39801, SAO 113271 e PPM 149643.
Essa estrela é conhecida ainda por Alpha Orionis, seguindo um antigo sistema de nomeação criado pelo astrônomo Johann Bayer em 1603. Nesse padrão, as estrelas recebiam um nome baseado em sua constelação seguido de uma letra grega que discriminava o seu brilho (alpha era a mais brilhante, seguida de beta e assim por diante). Nesse caso em especial, aconteceu que mais tarde descobriu-se que a Betelgeuse não era a mais brilhante. O nome ficou assim mesmo. Dá para entender por que o sistema não é mais usado.
Mas nada impede que novos nomes informais sejam atribuídos às estrelas. Volta e meia, pesquisadores e instituições fazem concursos para batizar os astros. Se você é um dos que, como eu e Olavo Bilac, gosta de ‘ouvir estrelas’ e fica incomodado com a frieza da nomeação catalográfica a elas atribuída, tem a chance de mudar isso. A Universidade de São Paulo (USP) está promovendo um concurso para escolher uma nova ‘graça’ para a HIP 102152. Eu já dei meu palpite!
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