Estudo dos fragmentos do meteorito e que explodiu sobre Chelyabinsk em fevereiro pode ajudar astrônomos a proteger o planeta de ameaças do céu
(Terra) O meteorito que explodiu violentamente sobre a cidade russa de Chelyabinsk em 15 de fevereiro deste ano causou a maior explosão espacial na Terra desde o fenômeno de Tunguska, registrado em 1908, também na Rússia. Como a queda aconteceu em uma área povoada - e um país onde, além de celulares serem comuns, também as câmeras instaladas no painel de carros são bastante frequentes -, pesquisadores conseguiram reunir uma quantidade inédita de material sobre o evento cósmico. Depois de visitar os arredores de Chelyabinsk nas semanas que se seguiram à queda do meteorito, 57 cientistas de nove países descreveram o caso em detalhes na edição desta semana da revista Science.
"Se a humanidade não quiser seguir o caminho dos dinossauros, precisamos estudar um evento como esse em detalhes", afirmou o professor Qing-Zhu Yin, do departamento de astronomia da Universidade da Califórnia em Davis. O exemplar que atingiu a cidade russa no início do ano pertence à classe mais comum de meteoritos, os condritos ordinários. Se uma catástrofe atingisse a Terra novamente, seria causada por um objeto desse tipo, afirmou Yin.
A detonação do corpo celeste na atmosfera produziu uma onda de choque forte o suficiente para derrubar as pessoas em seu caminho - onda essa que foi formada inicialmente na altitude de aproximadamente 90 quilômetros, de acordo com os pesquisadores. O asteroide atingiu seu ponto mais quente e brilhante à altura de cerca de 30 quilômetros, quando se aproximava do solo a uma velocidade vertiginosa de 18,6 quilômetros por segundo (mais de 66 mil km/h). O impacto do asteroide danificou casas e feriu centenas de pessoas, incluindo aquelas atingidas por destroços e queimadas pela radiação.
"Nosso objetivo era entender todas as circunstâncias que resultaram na onda de choque que mandou mais de 1,2 mil pessoas aos hospitais na área naquele dia", afirmou o astrônomo Peter Jenniskens, que faz parte da equipe liderada por Olga Popova, da Academia de Ciências da Rússia. A explosão foi equivalente à detonação de 600 milhares de toneladas de TNT - unidade utilizada para medir o impacto destrutivo de armas nucleares.
Os pesquisadores estimam que o asteroide tinha 19,8 metros de diâmetro, mas foi se fragmentando e deixou apenas um buraco de 7 metros de largura na camada de gelo que atingiu ao cair. Com a análise do meteorito em detalhes, os cientistas esperam estabelecer padrões de estudo para esse tipo de impacto e ajudar a entender melhor os objetos próximos da Terra (NEO, de Near-Earth Object, em inglês) e desenvolver estratégias mais eficazes para proteger o nosso planeta.
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