2 de dez. de 2013

Professores utilizam a astronomia para instigar os alunos


(Mercado da Comunicação) Mesmo não tendo sua oficialização, o Dia da Astronomia no Brasil é amplamente comemorado em 2 de dezembro, data de nascimento de D. Pedro II. A escolha da data pela comunidade astronômica brasileira foi por conta dos esforços do ex-monarca em disseminar e incentivar o estudo dessa ciência no Brasil no século XIX.

Mas de lá para cá a astronomia cresceu em nosso país. Diversos educadores têm trabalhado muito para levá-la aos alunos. Na Escola Estadual Antônio de Almeida Prato, em Iepê, uma cidade do interior de São Paulo com cerca de 7 mil habitantes, por exemplo, a professora de física Maria Salete decidiu transformar suas aulas em grandes espetáculos depois de seus estudantes terem participado da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).

Salete teve a ideia de elaborar o “Show de Física” e o “Astro Show”. E não é que esse trabalho foi além dos muros da escola? O sucesso foi tão grande que atualmente eles se apresentam em universidades e eventos da OBA.

O roteiro das aulas-espetáculo da professora de Iepê envolve experimentos relacionados ao atrito, ventosa plana, plataforma giratória, nitrogênio líquido, plasma, forças resultantes, temperatura e pressão e composição do ar.

De forma teatral, mas num tom descontraído e com doses de suspense e curiosidade, os alunos brincam de maneira lúdica com os elementos da física, misturando o “inesperado” com o “mágico”. “No palco, por exemplo, são utilizados balões coloridos e pacotes de salgadinhos, além de nitrogênio líquido e acessórios construídos pelos próprios alunos”, explica.

- Qualquer pessoa que tenha formação básica sólida e abrangente pode entender muitos dos fenômenos do cotidiano e relacioná-los com princípios e leis da Ciência. E o nosso objetivo é mostrar tudo isso de uma forma divertida e deixar claro que o conhecimento científico não é um processo inacessível – diz.

André Tato é outro professor que quis ir além do quadro e dos livros. Ele vem incentivando os alunos do Colégio Pedro II, em Realengo, no Rio de Janeiro, a participar dos cursos de Astronomia Básica, em horários alternativos, com aulas extraclasses. “Tudo começou após a participação na OBA em 2005. A olimpíada ainda serviu como um fornecedor de material de estudo”, informa.

E mesmo não “valendo ponto”, Tato diz que a sala está sempre cheia: “só vai quem tem o prazer de aprender. É normal faltar cadeira para todos os alunos interessados”.

A atividade vem complementando as aulas convencionais não apenas de Física, mas também de Geografia. Segundo ele, o curso tem ajudado, até mesmo, na preparação para o ENEM. “Durante as aulas de Mecânica, tenho utilizado a Astronomia como tema motivador e ilustrativo”, explica Tato, que já iniciou um minicurso sobre Relatividade Básica para complementar o de Astronomia com o objetivo de auxiliar os alunos que vão participar da seletiva para as Olimpíadas Internacional e Latino-Americana em 2014.

À frente da OBA há 16 anos, o astrônomo e professor universitário de Física e de astronomia João Batista Garcia Canalle diz que a proposta da olimpíada é fomentar o interesse pelas Astronomia e ciências afins, promovendo a disseminação dos conhecimentos básicos de forma lúdica e cooperativa.

Além da olimpíada, que é realizada por meio de uma prova com questões de astronomia, astronáutica e energia, a OBA ainda realiza a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), que estimula e avalia a capacidade dos jovens de construir e lançar, o mais longe possível, foguetes feitos de garrafa pet, de tubo de papel ou de canudo de refrigerante. Por meio das atividades, os jovens aprendem, na prática, a famosa Lei da Física da Ação e Reação, de Isaac Newton.

A coordenação ainda realiza os Encontros Regionais de Ensino de Astronomia (EREAs) com o objetivo de capacitar, de maneira contínua, professores dos ensinos fundamental e médio. Nessas ocasiões, são ensinadas novas metodologias de estudo na área das ciências espaciais e são sugeridas atividades práticas com materiais de baixo custo, como, por exemplo, isopor, balão de festa, palito de churrasco, jornal e barbante.

Mas o trabalho não para por aí. A OBA ainda promove eventos científicos para os medalhistas, como as Jornadas de Foguete e Espacial e o Space Camp (Acampamento Espacial, em inglês). Além de oferecer oficinas didáticas e palestras com especialistas na área, estudantes e professores têm a oportunidade de aprender, de maneira lúdica, mais sobre as ciências espaciais.

- Nossa principal meta é fornecer dados corretos e atualizados aos jovens e aos educadores. Distribuímos e ensinamos a fazer lunetas e planisférios celestes rotativos de baixo custo, por exemplo. Ainda promovemos observações astronômicas, mostramos como se montam protótipos de foguetes e fazemos maquetes dos volumes dos planetas – informa Canalle.

Diante de todo esse trabalho tem-se colhido muitos resultados. Esse ano, por exemplo, a olimpíada distribuiu quase 34 mil medalhas. Foram cerca de 9 mil de ouro, 10 mil de prata e 15 mil de bronze. Participaram da iniciativa um pouco mais de 775 mil estudantes de quase 9 mil escolas públicas e particulares de todas as regiões do país. A OBA ainda contou com o auxílio de mais de 62 mil professores. “Sem a ajuda de todos esses educadores e do apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia & Inovação (MCTI) e da Agência Espacial Brasileira, nada disso seria possível”, ressalta.

Como participar da OBA
Para quem deseja participar de eventos ligados às ciências astronômicas e espaciais, a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) abrirá suas inscrições para o próximo ano a partir de janeiro. A prova acontecerá no dia 16 de maio de 2014.

Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica
www.oba.org.br

Encontros Regionais de Ensino de Astronomia:
http://www.erea.ufscar.br/
----
Matéria similar no Terra

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente