(SOL) A Sociedade Portuguesa de Astronomia considerou hoje um "claro revés" para a investigação a atribuição, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, de apenas cinco bolsas de pós-doutoramento e a não atribuição de bolsas de doutoramento para a Astronomia.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA), o número de candidaturas apresentadas nesta área foi superior a 40, o que representa uma taxa de sucesso de cerca de 12% para as bolsas de pós-doutoramento, em linha com os resultados gerais para todas as áreas, e de zero para as bolsas de doutoramento.
"Estes números representam um claro revés para a investigação afeta às Ciências do Espaço, área da ciência que tem vindo a crescer em Portugal nas últimas duas décadas a ponto de ser hoje a área com melhores índices de produtividade a nível nacional", refere a sociedade em comunicado.
Segundo a SPA, os níveis de excelência auferidos pelas instituições em Portugal, nesta área, encontram-se "significativamente acima das médias europeia e mundial, consequência do investimento na ciência que se verificou no passado que, ainda assim, foi consistentemente inferior ao recomendado pela União Europeia".
"Esta posição de prestígio reflete ainda a elevada qualidade dos nossos investigadores, mais de metade dos quais veem a sua atividade financiada por bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento, a grande maioria provenientes da FCT", acrescenta.
Em alguns centros de investigação, o número de investigadores bolseiros supera mesmo o de investigadores com posições fixas.
Para a Sociedade Portuguesa de Astronomia, o "corte significativo e generalizado" que se fez sentir no número de bolsas atribuídas no concurso de 2013 relativamente aos anos anteriores "vem assim pôr claramente em causa a massa crítica necessária para a produção de ciência ao nível europeu e mundial", bem como "os padrões de excelência que têm pautado a investigação em Portugal e valorizado o país, em particular na área das Ciências Espaciais".
A SPA avisa ainda que Portugal está a perder atratividade aos olhos dos investigadores portugueses e estrangeiros, que se começavam a habituar a ver no nosso país uma oportunidade de desenvolvimento da sua carreira.
A Sociedade Portuguesa de Astronomia vê igualmente com muita preocupação esta diminuição do número de bolsas, refere.
"Temos conhecimento das propostas alternativas da FCT para bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento inseridas em projetos de investigação, algumas já em curso, mas não é claro que estas medidas mantenham o número de investigadores em atividade a um nível capaz de sustentar a produção e a competitividade científica que temos vindo a conquistar", alerta.
Na semana passada, a Fundação para a Ciência e Tecnologia divulgou os resultados do concurso das bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento de 2013, já criticados pela Associação de Bolseiros de Investigação Científica, que convocou para terça-feira uma concentração junto à sede da FCT, em Lisboa, contra os "cortes brutais" nas bolsas.
De acordo com os resultados, publicados na quarta-feira no portal da FCT, foram atribuídas 298 bolsas de doutoramento e 233 de pós-doutoramento, com base na avaliação regular de candidatos.
No concurso de 2012, a Fundação para a Ciência e Tecnologia concedeu 1.198 bolsas de doutoramento e 677 de pós-doutoramento, a partir não só da avaliação regular, mas também da audiência prévia e dos recursos apresentados por candidatos que contestaram os resultados iniciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente