Capes recomenda que instituições não promovam eventos como congressos e seminários no período dos jogos
(O Globo) A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) enviou comunicado na semana passada para os interessados em obter recursos de seu Programa de Apoio a Eventos no País (Paep) recomendando que evitem realizar encontros científicos durante o período da Copa do Mundo no Brasil. Segundo a fundação, ligada ao Ministério da Educação (MEC), a orientação veio do próprio MEC tendo em vista os elevados preços que estão sendo cobrados por alguns serviços no país, como passagens aéreas e hospedagens, durante a competição.
- É uma questão de bom senso – explica Márcio de Castro Silva Filho, diretor de Programas e Bolsas no País da Capes e responsável pelo Paep. - A organização de eventos no período da Copa evidentemente vai implicar em gastos maiores. Daí partiu a recomendação, que não é uma proibição em hipótese alguma. Assim, mesmo se alguma instituição decidir realizar um evento durante a Copa, a proposta será avaliada normalmente como outra qualquer e, se tiver mérito, será aprovada. Mas é provável que ela consiga trazer menos palestrantes, que terão que ficar menos tempo no país , devido aos altos preços de passagens e hotéis, por exemplo.
Criado em 2004, o Paep ajudou a financiar 427 eventos, entre conferências, palestras, congressos e outros do tipo, naquele ano, com um total de R$ 5 milhões. Já no ano passado foram 1846 eventos, que receberam mais de R$ 43 milhões da Capes.
- Foi um salto espetacular que faz do programa o principal mecanismo de apoio a encontros científicos do Brasil atualmente – destaca o diretor da Capes, que acrescenta não acreditar que a Copa vá afetar na quantidade e qualidade dos eventos apoiados pela fundação este ano fora do período da competição. - Acreditamos que logo depois do fim da Copa e já a partir de agosto os preços dos serviços deverão voltar ao patamar normal ou pelo menos não serão tão altos quanto os praticados durante a competição.
Diretor do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da UFRJ (Lance/UFRJ), Stevens Rehen reconhece que os altos preços dos serviços durante a Copa tornam difícil a realização de encontros científicos no Brasil no período, mas critica o fato de a competição ser usada como argumento para “paralisar o país”.
- Quero deixar claro que isso não é um problema da Capes, mas uma questão cultural – diz. - De fato, o Brasil vai parar para a Copa, o que não aconteceu em outros países que sediaram a competição. Gosto de futebol, mas o que estamos vendo é um incentivo para que não se faça nada no período da Copa, e isso é uma mensagem ruim para todos, sejam cientistas ou não.
Segundo Rehen, os trabalhos no Lance/UFRJ vão continuar normalmente ao longo da Copa, mas ele teme que a competição provoque atrasos nas pesquisas pela falta ou demora na aquisição e entrega de insumos como reagentes e outros produtos:
- Claro que vamos parar para ver os jogos do Brasil, mas de resto vamos trabalhar normalmente. O problema é se a onda pega e os fornecedores deixem de entregar material etc. Podemos ver uma bola de neve que vai prejudicar as pesquisas no país.
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