8 de fev. de 2014

O dia seguinte 
ao bóson de Higgs

Físico relata a evolução da chamada física de altas energias



(Pesquisa Fapesp) Um problema comum em livros de divulgação científica escritos por pesquisadores é a pequena distinção que os autores fazem entre o que se sabe e as teorias ainda especulativas que o autor quer defender. Nas obras de física isso é ainda mais comum, de forma que O cerne da matéria, de Rogério Rosenfeld, é um desejado sopro de ar fresco nesse tema.

O físico teórico da Unesp relata a incrível história da evolução da chamada física de altas energias, que busca compreender as partículas e forças que compõem o Universo.

Essa narrativa culminou com a descoberta do bóson de Higgs, anunciada com pompa em 2012. E ainda não tem data para terminar, com grandes questões em aberto, como a natureza desconhecida da matéria escura – que, ao que parece, é muito mais representativa do conteúdo total do Universo do que os constituintes da matéria convencional, descritos no modelo padrão da física de partículas.

Com didatismo e capítulos bem delimitados, Rosenfeld conduz como poucos a história entrelaçada da evolução do conhecimento sobre a matéria e dos surtos tecnológicos exigidos para sondar níveis de energia cada vez maiores, culminando com a construção do LHC (Large Hadron Collider), o acelerador de partículas do Cern onde o bóson de Higgs foi identificado.

O físico admite que, apesar de todo o oba-oba que se faz em torno do futuro da física e da busca de uma “teoria final”, é possível que o LHC acabe não entregando novas pistas para essa busca. “É concebível que o LHC descubra apenas o bóson de Higgs e mais nada. Esse é o pior pesadelo de um físico de partículas”, escreveu.

Rosenfeld afirma que até agora nenhum indício de modelos que vão além do modelo padrão foi encontrado. Isso era inesperado, por exemplo, para os físicos teóricos defensores da supersimetria, que esperavam achar partículas novas previstas pela teoria. “O clima na Divisão de Teoria do Cern após 4 de julho de 2012 é o que eu chamo de pHd: post-Higgs depression”, brinca o físico, asseverando que isso pode mudar se uma novidade aparecer no LHC.

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