7 de fev. de 2014

Procurando vida nos locais errados


(Astronomia On Line - Portugal) Os cientistas há muito que focam a sua busca por vida extraterrestre em planetas semelhantes à Terra - mas de acordo com um cientista da Universidade McMaster no Canadá, isso pode ser um erro.

O astrofísico René Heller do Instituto Origins da Universidade McMaster diz que o nosso planeta pode não ser o lugar mais ideal para a vida e que os cientistas precisam também de considerar planetas diferentes da Terra, os chamados planetas "superhabitáveis".

Estes planetas têm provavelmente o dobro ou o triplo da massa da Terra e são muito menos montanhosos. São também provavelmente mais velhos.

"A Terra apenas raspa a orla interna da zona habitável do Sistema Solar - a área onde as temperaturas permitem com que planetas como a Terra tenham água líquida à superfície," realça Heller. "Então, a partir desta perspectiva, a Terra é apenas marginalmente habitável. Isto levou-nos a pensar: será que existe algum ambiente mais hospitaleiro para a vida em planetas terrestres?"

Heller e o co-autor John Armstrong da Universidade Estatal Weber descrevem os planetas superhabitáveis num artigo publicado no início de Janeiro na revista Astrobiology. Aí, descrevem algumas das características destes potenciais planetas. Têm muitos corpos de água pouco profundos (em vez de um pequeno número de grandes oceanos), um "termostato" global mais confiável que impede eras glaciais e um escudo magnético para proteger o planeta da radiação cósmica.

Heller diz que a teoria significa que os astrónomos devem apontar os seus telescópios para planetas que até agora não atraíram muita atenção na busca por vida extraterrestre. "Propomos uma mudança de foco," afirma. "Queremos priorizar pesquisas futuras para planetas habitados. Estamos dizendo: 'não se concentrem apenas em planetas tipo-Terra se realmente querem encontrar vida.'"

Mas será que vale a pena ter a discussão sobre quais planetas observar? Qual a probabilidade de encontrarmos vida noutro planeta? "Estatisticamente falando, eu diria que é muito pouco provável que não exista nada lá fora," realça Heller. "Pela primeira vez na história, temos a capacidade - tanto técnica como intelectual - para encontrar e classificar planetas potencialmente habitados. É apenas uma questão de como gastar o nosso tempo de observação."

Heller espera que o artigo sirva como um ponto de partida para o debate sobre a superhabitabilidade. Ele acrescenta que poderá levar algum tempo até a comunidade científica ter outra opinião. "Quando seguimos um certo padrão durante décadas, pode ser difícil mudar de ideias."

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