6 de abr. de 2014
'Estamos longe de sermos capazes de prever catástrofes'
(SOL - Portugal) O que liga um vulcão submerso em Nápoles ao urânio das Montanhas Rochosas? Nada, a não ser um programa que se estreia este domingo, no Discovery Channel – Como Funciona a Terra?, é a pergunta a que o geólogo Martin Pepper e a bióloga Liz Bonnin tentam responder em oito episódios, sempre aos domingos, às 21h00. Pepper falou ao SOL sobre os fenómenos extremos que vão ser explicados no grande ecrã.
A Natureza ainda nos consegue surpreender, apesar de todo o conhecimento que já temos dela?
Acho que a maior surpresa é quão pouco podemos prever grandes catástrofes que afectam a Terra, como uma erupção vulcânica ou o impacto de um meteoro. Estamos longe de sermos capazes de prever estas coisas e muito longe de poder lidar com elas.
Apesar de todos os nossos avanços tecnológicos?
Exacto. Fizemos um programa em que mostrámos que o Japão, um dos países com tecnologia mais avançada do mundo, não estava de todo preparado para um terramoto como o de Março de 2011.
O objectivo do programa é explicar essas catástrofes e o facto de esses fenómenos não poderem ser controlados?
Sim. Tentamos explicar como a Terra produz estes fenómenos e as suas consequências. Falamos da História deles e tentamos projectá-los no futuro.
Vão falar, portanto, de terramotos, actividade vulcânica, de acontecimentos extremos.
Fomos a muitos sítios. O primeiro programa foi no Havai e observámos o interior de um ponto quente de um vulcão e como esse fenómeno levou à formação das ilhas. Tentamos explicar o modo como o processo ocorre e o modo como se desenvolve e produz o fenómeno extremo, seja uma erupção vulcânica ou um tremor de terra.
E nos episódios seguintes?
Depois do Havai fomos para a Indonésia, onde a erupção do Cracatoa produziu o som mais intenso alguma vez ouvido pelo homem. Além disso, olhamos e tentamos descrever o processo que levará ao próximo Cracatoa, que é o vulcão que se desenvolve mais rapidamente na Terra.
Portanto, ainda está activo.
Sim. Em 1883 emergiu do oceano. E agora está a voltar, a um ritmo anual muito rápido.
E depois da Indonésia?
Segue-se o Japão, onde vamos descrever terramotos e vulcões. Olhamos para a dinâmica das diferentes placas tectónicas sob o país, que formam aqueles grandes sismos e tsunamis. Depois do Japão fomos à Islândia para falar da erupção que interrompeu o tráfego aéreo na Europa, o Eyjafjallajökull. E há um outro vulcão, que pode entrar em erupção qualquer dia, e que é maior. Aí tentamos analisar a dinâmica das erupções mas também o que têm de tão especial para cortar o tráfego aéreo.
Quais são as outras escalas do programa?
Depois fomos para o México, num programa sobre o impacto do meteorito que causou a extinção dos dinossauros. E olhamos para os problemas que estamos a tentar prever fruto de um próximo impacto semelhante. Mesmo que tenhamos satélites no espaço, ainda temos zonas que não conseguimos observar. Temos ainda um programa nas Montanhas Rochosas, no Colorado, onde vemos como é formado o urânio e como ele pode ser usado para destruir a humanidade. Continuámos depois na América do Norte, no Canadá e em Nova Iorque, à procura de gelo, de períodos de glaciação, para tentar explicar esses ciclos e o modo como saímos de idades de gelo para eras de efeito de estufa, de aquecimento global.
Acha que à medida que conhecemos melhor esses fenómenos temos mais medo deles?
No caso do programa, é uma questão de as pessoas o olharem como entretenimento ou como um conjunto de alertas. De qualquer modo, o programa continua a pretender ser divertido e pedagógico. Espero que seja capaz de mostrar que, apesar dos avanços da tecnologia e da civilização, ainda estamos expostos a grandes riscos que não conseguimos prever e dos quais não nos conseguimos proteger.
E quais são os perigos principais que nos aguardam, num futuro próximo?
Na Itália, debaixo de água, na baía de Nápoles – onde também rodámos um dos programas – há um vulcão, o Campi Flegrei, cuja caldeira está dar sinais de se estar a preparar para uma erupção, que poderá ser de proporções bíblicas e que pode alterar a temperatura da Terra por décadas. Há também a ameaça de um impacto de meteorito que pode levar a algo muito semelhante ao que se chama um inverno nuclear.
Mas não vão apresentar os programas como o fim do mundo em oito capítulos...
Não. Olhamos para estes fenómenos gigantescos, explicamos a história que está por trás deles, o que aconteceu no passado, e projectamo-los no futuro, para ver até que ponto eles serão ameaças nos mesmos contextos históricos. Mas tentamos fazê-lo com algum espírito de diversão [risos]…
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