11 de abr. de 2014

O senhor dos anéis

Astrônomo do Observatório Nacional, Felipe Braga-Ribas inscreve seu nome na história da exploração espacial ao descobrir massas de fragmentos cósmicos que orbitam um pequeno asteroide nos confins do sistema solar



(Veja Rio) A cada dois meses, Felipe Braga-Ribas, de 31 anos, se dirige ao Galeão para embarcar rumo a destinos remotos, como os confins do Deserto do Atacama ou a Ilha da Tasmânia, junto à costa da Austrália. Cada temporada no exterior dura em média quinze dias e costuma envolver altas doses de aventura. Não, o jovem com pinta de surfista não é aventureiro nem esportista radical. Quando chega a esses lugares remotos, ele olha para o céu. Mais especificamente, para um ponto a mais de 2 bilhões de quilômetros da Terra. Braga-Ribas é astrônomo do Observatório Nacional, em São Cristóvão, onde realiza um pós-doutorado em astrofísica planetária. E percorre o mundo em busca dos melhores pontos para observar e desvendar os segredos do espaço. Na quarta (26), a publicação de um estudo coordenado por ele na prestigiada revista Nature causou alvoroço na comunidade científica, sendo noticiado por redes de televisão internacionais como a britânica BBC e a americana CNN. Ao observar um pequeno asteroide batizado de Chariklo, que vaga quase nos limites do sistema solar, o cientista identificou dois anéis de fragmentos cósmicos girando ao seu redor. Com isso, derrubou uma espécie de consenso entre os especialistas de que apenas grandes planetas, como Saturno e Urano, possuem tais estruturas. Graças às suas observações, sabe-se agora que pequenos blocos de rocha, corpos ínfimos dentro da imensidão sideral, também podem ser circundados por esses fenômenos. Para um leigo, a revelação pode ser irrelevante, mas ela está provocando uma revisão completa do que se conhece sobre o assunto. "Essa formação pode nos dar pistas preciosas sobre a formação do sistema solar", acredita Bra­ga-Ribas. "Assim como ajudar a entender melhor a origem dos planetas", conclui o descobridor, que batizou as duas formações identificadas por ele como Oiapoque e Chuí.

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