17 de jul. de 2014

Os cometas

Interpretações do Cometa de Halley através dos séculos


(Dermeval Carneiro - O Povo) A aparição de um cometa é, sem dúvida, um dos mais belos espetáculos da natureza. Rubens de Azevedo, em seu livro “O Cometa de Halley” (Editora do Brasil – 1985), descreve: “Em todo o mundo, nunca existiu ninguém que não se comovesse com a aparição de um cometa: uma bela estrela que brilha no céu, acompanhada de uma cauda luminosa”.

O espetáculo das aparições dos cometas sempre chamou a atenção dos povos de todos os continentes. Até o início do século XX, os cometas representavam guerras, queda de impérios, epidemias, inundações, catástrofes e outras desgraças. Quando um cometa aparecia, trazia o medo, e os povos daquela época se perguntavam quem seria a vítima – os reis, a nobreza ou a safra de vinho.

O imperador Asteca, Montezuma, ao observar um grande cometa acreditou que o astro iria lhe trazer desgraças. Coincidência ou não, pouco tempo depois o México foi conquistado por Francisco Pizarro. De certa forma, essas coincidências reforçavam as crendices. Somente com o conhecimento e as observações científicas dos cometas em meados do século XX, é que o “medo” deixou de existir e as pessoas passaram a curtir o belo espetáculo que é a aparição de um cometa.

São tão belos quanto raros, apesar de existirem aos milhares! O astrônomo e físico alemão Johannes Kepler, que quando criança observou o grande cometa de 1577, dizia: ”Eles são tão numerosos no Universo, quanto os peixes no mar”.

Mas afinal o que são os cometas e de onde eles surgem? Os cometas existem desde antes da formação da Terra, mas somente há pouco mais de 10 mil anos é que foram feitos registros da passagem de cometas nas vizinhanças do nosso planeta. Os cometas são rochas cobertas de poeira e gelo e foram formados ainda na origem do Sistema Solar.

São constituídos de três partes: núcleo, cabeleira ou coma e cauda. O núcleo é formado por rochas, gelo, poeira e gases congelados como amônia, metano, dióxido de carbono e outros. A medida que um cometa se aproxima do Sol, a pressão do vento solar e a radiação solar exercidas sobre o cometa aumentam gradativamente. Isso faz com que os gases congelados no interior do núcleo e poeira na superfície da rocha sejam ejetados para o espaço, formando uma enorme nuvem em torno do cometa, que chamamos de coma (ou cabeleira). A pressão da radiação e o vento solar exercidos na coma provocam o surgimento de uma ou duas caudas, sendo uma gasosa e outra de poeira, sempre opostas ao Sol.

Existem três tipos de cometas: periódicos, não periódicos e os extintos. Os cometas periódicos possuem uma órbita elíptica e retornam ao periélio (ponto de sua órbita mais próximo do Sol) em determinada quantidade de anos. Esses são provenientes do Cinturão de Kuiper (região que circunda o Sistema Solar além da órbita de Netuno), onde existem milhares de pequenos corpos rochosos que, vez por outra, por influência gravitacional do Sol ou dos planetas gigantes, se desgarram do cinturão e adquirem uma órbita elíptica em torno do Sol. Um bom exemplo de cometa periódico é o Halley (nome dado em homenagem ao astrônomo e físico inglês Edmund Halley, que foi o primeiro cientista a calcular a órbita de um cometa periódico prevendo o seu retorno), que retorna ao periélio a cada 76 anos.

Os cometas não periódicos possuem órbitas parabólicas, alguns com períodos de milhares de anos. Foram observados apenas uma única vez e quase sempre nunca retornam. São originados na Nuvem de Oort (região que circunda o Sistema solar, muito além do Cinturão de Kuiper), que é formada por milhões de objetos - restos da nebulosa que originou o Sol e o nosso Sistema Solar. Os cometas extintos são aqueles que, independentemente de onde partiram, se desintegraram em choques com os planetas gigantes ou que mergulharam definitivamente no Sol, provocando sua completa extinção. Um exemplo deles é o cometa Shoemaker – Levy 9, que se despedaçou em mais de 20 partes e chocou-se com o planeta Júpiter em julho de 1994.

O espetáculo das aparições dos cometas sempre chamou a atenção dos povos de todos os continentes

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