21 de ago. de 2014

Observatório de Joaquim Egídio vira cenário de filme



(iG/RAC) O Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini foi escolhido para ser o set de filmagem de uma importante cena do longa-metragem Amor Líquido, dirigido pelo cineasta campineiro Vítor Steinberg. O filme é inspirado na obra-prima homônima do intelectual polonês Zygmunt Bauman e trata do relacionamento em rede e da ilusão de aproximação pelas redes sociais. As gravações em Joaquim Egídio foram realizadas sexta-feira (15) à noite, dentro e fora das dependências do observatório, com a participação do astrônomo Júlio Lobo, que atuou no papel dele mesmo no filme.

Pela primeira vez um longa-metragem de ficção é gravado na cidade. A estreia do longa está prevista para maio de 2015. Diretor e roteirista, Vítor conta que teve a ideia de escrever um roteiro para o livro Amor Líquido a partir de uma pesquisa realizada pelo pai, o sexólogo e colunista do Correio, Joaquim Zailton Motta, que fazia uma pesquisa com a obra. “Eu li o livro e, muito curioso, descobri que ele nunca veio a São Paulo, mas falava muito sobre a cidade, dizendo que era a que mais investe em monitoramento de segurança no planeta. O que ele queria dizer é que a gente está mais longe de quem a gente quer estar perto, e mais perto de quem a gente pode estar longe. O celular é isso, o WhatsApp, o Tinder, o Facebook, as redes sociais. É uma ilusão de aproximação”, conta.

Na cena gravada no Observatório, Steinberg adianta que a personagem está sofrendo uma crise existencial porque é rica. Em busca de respostas para sua crise, ela vai a um tarólogo, sexólogo, neurologista, faz tomografia e também vai procurar respostas nas estrelas. “Ela vai ver o que a ciência pode falar para ela”. A cena tem a participação do astrônomo campineiro Júlio Lobo. “O texto do Júlio vai ser todo improvisado por ele. Eu também não sei o que a ciência pode dizer para a personagem. Mas só de entrada o Júlio já deu um show”, afirma. As gravações continuam amanhã em Campinas. A grande parte delas foi feita em São Paulo.

Antes de gravar o filme, Steinberg conta que entrou em contato com o escritor polonês e comunicou o seu interesse em produzir o longa-metragem. Ele não só conseguiu a aprovação do Bauman, mas a sugestão de que desse o mesmo nome do livro e um pedido da cópia quando o filme estivesse pronto. “Isso me permitiu mostrar às pessoas que eu tinha algo muito valioso e elas foram entrando no projeto voluntariamente”, disse. Após conseguir a autorização para criar uma adaptação, Steinberg deu início a uma jornada para conseguir transformar o projeto em realidade.

No elenco, o diretor conseguiu reunir profissionais da publicidade, do teatro e do cinema. Entre eles, nomes importantes como do ator e diretor José Celso Martinez Corrêa. Apesar do interesse das pessoas em participar do longa, ele conta que enfrentou algumas dificuldades para rodar o filme. As gravações começaram em 2012, mas precisaram ser interrompidas por empecilhos financeiros. Agora, as gravações foram retomadas com força tota. “Realmente, fizemos um trabalho independente. Não tem nenhum edital, nem municipal, nem estadual, nem federal ou internacional. A gente fez festa para conseguir dinheiro, ‘crowdfunding’. Conseguimos juntar em torno de R$ 11 mil reais e estamos fazendo tudo com essa grana”, afirmou.

Desde o início das gravações, cerca de 150 pessoas circularam no elenco e equipe de produção. A maioria de São Paulo. A expectativa é de que as gravações terminem dia 15 de setembro e que o filme seja lançado em maio.

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