Para o biólogo, a vida em outros mundos segue uma evolução darwinista com base na seleção natural
(O Globo) O biólogo darwinista Richard Dawkins, famoso por suas campanhas a favor do ateísmo, proclamou sua fé em alienígenas, e até se atreveu a propor uma "taxonomia preliminar" para descrever como eles poderiam ser. Em uma palestra apaixonada na abertura do Starmus Festival, congresso astronômico internacional realizado esta semana em Tenerife, o professor de Oxford admitiu que desta vez ia mergulhar totalmente "no campo da especulação", mas disse que está comprometido com a vida extraterrestre pelo peso da evidência astronômica, de acordo com o jornal espanhol "El Mundo".
- A idéia de que estamos sozinhos no Universo parece completamente implausível e arrogante. Considerando o número de planetas e estrelas que sabemos que existem, é extremamente improvável que sejamos a única forma de vida evoluída - disse Dawkins.
Se nas últimas décadas verificou-se que na nossa galáxia há 100 milhões de planetas, dos quais 10 milhões estão em áreas consideradas habitáveis de suas estrelas, a Dawkins a ideia de de que a vida na Terra é uma exceção cósmica incomum no Universo parece praticamente impossível. Para o autor de obras importantes como "O Gene Egoísta", o que a ciência está comprovando com indícios cada vez mais sólidos é que nós não somos o centro do universo, um paraíso planetário projetado para nós por um criador.
Por outro lado, os resultados da astronomia indicam que a Terra é um dos muitos mundos onde a vida tenha começado um processo evolutivo, de acordo com o biólogo, diante de uma platéia lotada de fãs do estudo do Cosmos. Entre o público, mais uma grande estrela convidada, Stephen Hawking, que dará uma palestra nesta terça-feira.
- O verossímil, e mais provável, é que o universo tenha muitas formas de vida - acredita Dawkins. - A dificuldade é mostrar isso, porque essas formas de vida estão em ilhas separadas por grandes distâncias.
APERTO DE MÃO, NÃO
O biólogo britânico acredita que, se um dia nós entrarmos em contato com ET, será através de sinais de rádio, mas ele duvida muito que "possamos apertar as mãos" de um extraterrestre. A partir desse ponto de vista, Dawkins acredita que iniciativas certamente valem a pena como o projeto SETI na busca de vida inteligente que levou o mítico astrônomo e divulgador Carl Sagan para captar sinais de outras civilizações.
- É um jogo em que o sucesso é improvável, mas poderia dar resultados - disse ele.
Dawkins admite que qualquer proposta neste domínio tem de ser necessariamente um exercício imaginativo. No entanto, ele acredita que "sabemos o suficiente sobre os princípios básicos da vida" para propor algumas "hipótese bem fundamentadas".
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Como um bom discípulo do autor de "A Origem das Espécies", Dawkins diz que a vida em outros mundos segue uma evolução darwinista com base na seleção natural. O biólogo mostrou alguns exemplos clássicos de mutações adaptativas que favorecem a sobrevivência de espécies na Terra, como pequenas lagartas se amontoam para parecer um animal gigante, insetos camuflam-se dos predadores ou um peixe disfarçam-se no meio de algas.
Se os alienígenas existem, Dawkins não duvida que todos eles "estão sobrevivendo para se reproduzir" através de todos os tipos de adaptações que lhes oferecem vantagens sobre os concorrentes em seu ambiente.
O biólogo ateu reconheceu que está ansioso para a primeira evidência da existência de vida em Marte, para dar um novo golpe na "vaidade humana" e no "antropocentrismo" de crermos em nós como seres especiais de origem divina. Da mesma forma que a ciência já desmantelou a ideia de que o Sol girava em torno da Terra para Dawkins a próximo grande revolução copernicana provaria que a vida não é de forma um monopólio da Terra.
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