Uma estrela muito distante
(A. Capibaribe Neto - Diário do Nordeste) Quando estava começando a não lembrar tanto das estrelas por conta de contextos atuais vivenciados aqui na Terra, leio uma matéria falando da pressuposição da grandeza de alguns homens que se acham os donos do mundo e, ao final, mostrando a sua insignificância no Universo. E lá estava uma estrela da qual pouco se ouve falar: a VY Cannis Majoris, uma das mais luminosas e que está localizada na constelação do Cão Maior e é conhecida como uma das mais luminosas.
É uma estrela considerada como hipergigante com um raio de aproximadamente dois mil e cem raios solares. Seu volume é mais de dois bilhões e novecentos e quarenta milhões de planetas Terra. A Cannis Majoris está distante da Terra por aproximadamente 5 mil anos-luz. Para que entendamos melhor, a velocidade da luz é de aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo. Pois bem, para saber o que significa 5 mil anos luz de distância, basta calcular quantos segundos tem um dia, multiplicá-los por 365 dias, depois por cinco mil, e quando encontrar o resultado, que já é absurdo aí basta multiplicar por 300 mil. Pronto! É longe pra danar. Ficou complicado? Vamos resumir... Terra leva quase 24 horas (23 horas, 59 minutos e 59 segundos) para dar uma volta em torno do seu eixo. Eu escrevi 24 horas. Viajando em um dos mais rápidos jatos comerciais, o homem daria uma volta à Terra (36 mil quilômetros) em pouco mais de 36 horas. Com o mesmo avião e com a mesma velocidade, um homem levaria mais de MIL E DUZENTOS ANOS para fazer uma volta completa em torno da Cannis Majoris.
Esta é uma crônica que se propõe romântica, mas aqui e ali escorrega na maionese da realidade e se revolta com o que se passa no entorno e desgruda os olhos do espaço para perder tempo com as mazelas sem cura do planeta em que habitamos. Não é um espaço dedicado à Astronomia. Lembrar das estrelas, contemplá-las, curti-las, embevecer-se com elas deixou de ser uma forma de relaxar, mas infelizmente passou a ser uma fuga, ao invés da tentativa de diminuir o peso das malas cheias de lembranças que teimamos em carregar e que nem sempre estão cheias de boas lembranças. Não tratamos de Astronomia, mas as estrelas nos fascinam e existem muitas pessoas que com elas também se encantam. Estamos todos conectados embora não nos falemos ou saibamos quem somos, com algumas exceções, evidentemente. Falar das dimensões da Cannis Majoris, a hipergigante estrela vermelha, invisível a olho nu, que sirva apenas para refletirmos sobre aquelas pessoas que se acham a última bolacha do pacote nessa Terrinha de nada, perdida na imensidão incomensurável do Universo... Em algum lugar, muito distante do Terminal do Papicu ou do Siqueira, uma Estrela enorme brilha discretamente para mostrar quão insignificante nós somos sem fazer alarde. Acho bom ter mais cuidado com a Cannis Majoris, cuidar mais das irmãs e primas dela, tudo família de primeira grandeza, como Aldebaran.
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