27 de nov. de 2014

CERN disponibiliza dados de acesso livre ao LHC


(Ciência 2.0) A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) lançou esta semana, pela primeira vez, um portal de dados aberto, com os registos de colisões reais produzidas no grande acelerador de protões, o LHC, situado a 100 metros de profundidade debaixo da fronteira franco-suíça.

"Lançar o portal Open Data do CERN é um passo importante para a nossa organização. Os dados do programa do LHC estão entre os registos mais valiosos das experiências, que hoje começamos a partilhar de forma aberta com o mundo. Esperamos que estes dados abertos ajudem e inspirem a comunidade investigadora de todo o mundo, incluindo estudantes e cidadãos", disse o diretor general do CERN, Rolf Heuer, em comunicado.

André Tinoco Mendes, investigador português no CERN, em entrevista ao Ciência 2.0 explicou que se tratam de 27 terabytes de informação, que corresponde a uma pequena parte do total "não só em extensão (metade dos dados recolhidos em 2010), como em conteúdo (como fotos em JPG em vez de RAW)", refere o físico.

No portal é possível encontrar também uma descrição dos principais programas educativos do CERN, com recurso a imagens, histogramas e vídeos que mostram o trabalho dos cientistas.

André Tinoco Mendes acredita que é muito importante abrir as portas ao público. "Creio que o valor educacional é muito grande, não só em termos de física, como também de informática", destaca.

O cientista sublinha ainda que este acesso generalizado pode até possibilitar o surgimento de novas análises aos dados. "Quem sabe se não há formas computacionalmente mais eficientes de fazer estas análises? Com a abertura dos dados e do software de análise, qualquer um pode escrutinar o processo, modificá-lo e, quiçá, melhorá-lo. Afinal, no LHC, somos apenas uma mão cheia de milhares de pessoas, uma ínfima parte da população humana".

Os cientistas portugueses no CERN também contribuíram para que os dados pudessem ter sido disponibilizados, seja pelo trabalho na construção de detetores (como José Carlos Silva), na operação dos mesmos (como André Tinoco Mendes), ou ainda no desenvolvimento de algoritmos que permitem comprimir os dados sem perda de informação.

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