29 de dez. de 2014
As "joias" de janeiro
(Dermeval Carneiro - O Povo) O leitor aficionado por Astronomia e até mesmo aqueles que apenas gostam de contemplar objetos celestes, têm em janeiro, como também em fevereiro e março, um “prato cheio” para a contemplação do firmamento estrelado - um verdadeiro presente do Cosmos. O céu do verão (para o Brasil) e do inverno (no caso do hemisfério Norte) é cheio de estrelas brilhantes e apresenta uma das melhores regiões do céu para observações. Em destaque, temos:
Constelação do Orion (O Grande Caçador na mitologia grega): essa constelação domina o céu do verão. É uma das mais fáceis de reconhecer. No meio dela, encontram-se as famosas Três Marias (como são conhecidas no Brasil). É cheia de estrelas jovens, na fase final de suas vidas e várias nebulosas.
Betelgeuse, um dos “ombros” do Orion, é uma estrela supergigante vermelha, cerca de 650 vezes maior do que o Sol. Seu brilho equivale a dezenas de milhares de sóis. Betelgeuse está no final de sua vida. Com o combustível no núcleo da estrela praticamente esgotado, o núcleo está se contraindo e aquecendo-se, fazendo com que as camadas gasosas exteriores da estrela se expandam.
Rigel é um dos “ joelhos“ do Orion. é um sistema triplo de estrelas composto de suas estrelas menores orbitando uma supergigante azul, que tem uma vida curta. Estrelas supergigantes azuis são muito mais quentes que o nosso Sol e queimam seu combustível rapidamente. O Cinturão de Orion é fácil de detectar. É composto de três estrelas (as Três Marias), cujos verdadeiros nomes são: Alnitak, Alnilam e Mintaka.
Abaixo e à esquerda do Cinturão de Orion, você pode detectar a Grande Nebulosa de Orion (a famosa M42). É a nuvem de gás difuso mais brilhante do céu noturno. “Nebulosa“ é o nome em latim para “nuvem”. É conhecida por abrigar protoestrelas e sistemas planetários em formação com casulos de nuvens moleculares e poeira em colapso gravitacional – um verdadeiro berçário estelar, ali se encontram estrelas ”bebês”. Seu primeiro registro telescópico foi realizado pelo astrônomo francês Nicolas Peiresc, em 26 de Novembro de 1610. Entrou para o catálogo Messier (M42) com as observações feitas em 1769, quando foi devidamente notada a presença de um grupo de estrelas chamado de trapézio. Um binóculo ou um pequeno telescópio (mais recomendado) revelam os detalhes e a grandeza da nebulosa.
Incrustado no interior da Nebulosa de Órion, vale a pena observar o Trapézio, um grupo de estrelas quentes e jovens tão brilhantes que tornam brilhante o gás circundante.
Outra constelação próxima à do Orion é a Canis Major, o Cão Maior. É o companheiro fiel que segue os passos do caçador Orion. Canis Major é dominado pela estrela mais brilhante do céu, Sírius. Sírius é, na verdade, um sistema duplo, contendo uma estrela brilhante e outra muito menor. Fica apenas a 8.6 anos-luz de distância de nós.
Fazendo uma varredura com binóculos, logo abaixo de Sírius, você verá um encantador aglomerado de estrelas chamado M41. Ele contém cerca de 100 estrelas, incluindo várias gigantes vermelhas. As estrelas do aglomerado M41 nasceram juntas e são todas da mesma idade.
Como se não bastasse a riqueza de objetos na constelação do Orion, o céu de janeiro ainda nos presenteia com a aparição do gigante Júpiter – o maior planeta do Sistema Solar. A partir das 22 horas, Júpiter pode ser detectado à esquerda e, abaixo das Três Marias, pode ser observado a olho nu, com binóculos e pequenos telescópios. Se alguém quiser ver suas quatro principais luas, Calisto, Ganimedes, Io e Europa, recomenda-se um telescópio com pelos menos 60 milímetros de diâmetro.
Júpiter é o quinto planeta em ordem de afastamento do Sol, sua massa é menor que um milésimo da massa do Sol, mas é duas vezes e meia a massa de todos os planetas juntos e é 1.300 vezes maior que a Terra. O ano de Júpiter (revolução em torno do Sol) equivale a quase 12 anos terrestres. Apesar de gigante, ele gira muito rápido, seu dia (rotação em torno do seu eixo) dura pouco menos de 10 horas. Para os antigos babilônicos, Júpiter representava o deus Marduk. Para os gregos, ele era Zeus, o deus dos deuses.
O Planeta Júpiter possui mais de 60 luas, dentre elas, destacam-se os quatro satélites galileanos, já citados acima - Calisto Ganimedes, Io e Europa, descobertos por Galileu Galilei em 1610. Não é só Saturno que possui anéis, Júpiter possui um finíssimo sistema de anéis, somente detectado em fotos tiradas por sondas espaciais quando próximas do planeta.
Outro destaque é a famosa “mancha vermelha”, um fenômeno na atmosfera de Júpiter que já dura mais de 300 anos. É tão grande que pode “engolir” a Terra. Em julho de 1994, mais de 20 fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 chocaram-se com o hemisfério Sul de Júpiter, sendo o fenômeno astronômico mais significativo do século XX. O gigante Júpiter é um dos planetas mais estudados pelos pesquisadores. Já foi explorado por várias sondas espaciais desde a década de 70.
Para completar a “festa”, o mês de janeiro ainda apresenta outro objeto notável e que sempre provocou muita curiosidade entre os povos em todos os tempos – a aparição de um cometa. Isso mesmo! O cometa Lovejoy já pode ser visto a olho nu (recomenda-se um local sem poluição luminosa para observá-lo). O cometa pode ser localizado um pouco à direita e acima da estela Sírius. O colega astrônomo Paulo Régis Bernardo da Rocha fez uma bela foto do cometa na cidade de Paramoti–CE, no último dia 20, na ocasião do Star Party, do Clube de Astronomia de Fortaleza (Casf).
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