Geofísico da UFMS diz que deve ser tanque de combustível de foguete. Cilindro foi encontrado em chácara na zona rural de Santa Rita do Pardo.
(G1) O objeto cilíndrico, encontrado em um sítio de Mato Grosso do Sul, pode ser lixo espacial que foi abandonado na atmosfera e atingiu a Terra, de acordo com explicações do professor de geofísica espacial da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), doutor Moacir Lacerda, em entrevista à TV Morena, nesta segunda-feira (29).
"Era, provavelmente, um tanque de combustível de um objeto, de foguete, que foi usado para arremessar algum satélite recentemente, ou há algum tempo, porque depois ele não é reutilizado, ele é abandonado na atmosfera e normalmente isso cai em algum lugar previamente planejado. Muitas vezes eles perdem esse controle e o objeto pode cair longe do planejado", explicou.
O material foi achado na zona rural de Santa Rita do Pardo, a 260 km de Campo Grande na madrugada de domingo (28), depois que fenômenos luminosos foram vistos no céu de diversas cidades do estado. O local onde o objeto caiu foi isolado pelo Corpo de Bombeiros.
Segundo o professor, cerca de 600 toneladas de materiais espaciais caem por ano na Terra, entre poeira, meteorito e objetos. "Como a Terra tem uma superfície relativamente grande e a maior parte é água, isso cai muito no mar e em regiões inóspitas, e eventualmente isso cai em superfície urbano", explicou, referindo-se ao caso do objeto encontrado na fazenda em Mato Grosso do Sul.
Queda suave
Lacerda explicou que a queda do objeto não provocou um buraco no solo, como geralmente acontece em casos de corpos celestes que atingem a Terra, porque caiu de forma suave.
"O ângulo de entrada dele [objeto] foi muito pequeno em relação à atmosfera, e ele entrou muito suave. Ele fez uma trajetória muito horizontal, e ao bater no chão ele quica como se fosse uma pedra que a gente arremessa na água", explicou Lacerda.
De acordo com relatos de testemunhas, a peça assemelha-se a um tanque metálico, não possui inscrições em seu exterior e mede cerca de dois metros de altura. No mesmo dia em que o material foi encontrado no sítio, moradores de diversas cidades do estado registraram objetos incandescentes cruzando céu.
O professor acredita que essas luzes foram provocadas pela entrada do objeto encontrado na zona rural de Santa Rita do Pardo. A explicação para a emissão de luzes está no contato com a atmosfera da Terra. "Esses objetos, ao atritar na atmosfera, ficam quentes e emitem luz, e ficam exatamente igual um cometa, é um meteorito", ressaltou.
Precaução
Outra informação repassada pelo especialista foi sobre a possibilidade destes objetos serem radioativos e nocivos à saúde. "Normalmente não tem material radioativo, porque como é feito, e tem esse risco de eventualmente cair em uma situação fora de controle, eles não tratam com material radioativo para não ter outras consequências", informou.
Apesar do pouco risco de problemas à saúde, Lacerda ressalta que é importante não manusear objetos, porque podem conter algum produto químico, abrasivo ou nocivo. A orientação, segundo ele, é acionar a Defesa Civil e órgãos estaduais para que algum técnico analise e remova o material, que deve ser encaminhado para o destino correto.
Investigação
A Força Aérea foi acionada pela Polícia Civil do município na manhã desta segunda-feira (29). Um boletim de ocorrência de 'achado de coisas' foi registrado pela polícia local. Os moradores dizem que o objeto caiu do céu.
O dono da propriedade rural, de 68 anos, disse à Polícia Civil que ouviu um barulho muito alto de madrugada, como se alguma coisa tivesse caído ao solo, mas voltou a dormir. No início da manhã ele encontrou o objeto semelhante a um tanque de combustível envolto de fita da cor preta.
À TV Morena, a Força Aérea informou que não irá investigar a aparição do objeto. A assessoria de imprensa da Base Aérea em Campo Grande afirmou que irá dar apoio aos responsáveis, mas que não fará a investigação porque o objeto não é da Aeronáutica.
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