O engenheiro e físico Cristóvão Jacques mantém com dois colegas observatório amador em Minas Gerais e já descobriu 12 rochas espaciais que passam próximas da Terra
(O Globo) O engenheiro e físico brasileiro Cristóvão Jacques tem uma atividade inusitada: ele é caçador de asteroides. Da cidade de Oliveira, em Minas Gerais, distante 150 quilômetros de Belo Horizonte, o observatório mantido por ele e mais dois colegas, um professor e um advogado, se dedica a procurar e observar esses corpos rochosos espaciais. Jacques já descobriu 12 asteroides que passam próximo da Terra e até mesmo dois novos cometas, sendo que um deles ganhou seu nome. Para um observatório amador, é um feito extraordinário. Jacques falou ao GLOBO durante a 8ª edição da Campus Party, que acontece em São Paulo, onde apresentou seu trabalho.
Há muitos asteroides próximos da Terra?
Todos os dias entram na atmosfera terrestre cerca de 100 toneladas de materiais do espaço. É poeira ou micrometeoritos. A cada cem anos, entra um objeto entre 20 a 50 metros de diâmetro e, a cada 100 mil anos, pode entrar um asteroide de mais de 100 metros. E a cada um ou dois milhões de anos, pode entrar um asteroide com mais de cem metros, que pode causar algum dano. Teoricamente, asteroides que têm mais de 1 quilômetro de diâmetro é que podem causar um impacto global, modificando alguma coisa no clima terrestre. Asteroides menores causam impactos mais locais ou continentais.
É possível saber antecipadamente quando um desses grandes asteroides poderá colidir com a Terra?
Os asteroides são monitorados. Esse é nosso trabalho. A maioria dos asteroides que podem causar algum dano, aqueles de mais de um quilômetro, já foi descoberta. Tem só uma pequena parte que ainda não é conhecida, do total que se imagina ter com mais de um quilômetro. Os observatórios mapeiam esses asteroides para saber se no futuro eles podem colidir com a Terra ou não.
Ainda existem asteroides grandes que não foram descobertos que teoricamente podem colidir com a Terra?
Sim. Mas a probabilidade cada vez diminui mais porque a cada dia se descobrem mais asteroides. Além deles, porém, tem os cometas. A maioria deles não está no Sistema Solar interior. Eles migram para dentro do Sistema Solar interior e sobre esses a gente não tem a menor ideia até que sejam descobertos. É como naquele filme “Impacto Profundo”, em que o rapaz descobriu um cometa que colidiria com a Terra. Já houve a colisão de um cometa com Júpiter em 1995, o que levou a comunidade cientifica a se preocupar com eles. Esse cometa que colidiu com Júpiter se desintegrou em 21 pedaços de um quilômetro de extensão. Como aquele planeta é grande aguentou o impacto. Mas imagine se fosse a Terra?
Existe outro observatório amador como o de vocês no Brasil?
Nós somos os únicos amadores, que atuam com recursos próprios, fazendo o monitoramento do céu no Hemisfério Sul. A maioria dos observatórios está no Hemisfério Norte. Temos dois telescópios que monitoram o céu diariamente. Controlamos esses equipamentos via internet, já que temos ouras atividades profissionais.
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