25 de mar. de 2015

Primeira docente de Astronomia na UFG estimula a entrada de mulheres na Ciência

Em 2014, o Planetário da Universidade recebeu Juliana Romanzini, a primeira astrônoma da Universidade


(UFG) Em quase 45 anos de existência, o Planetário da UFG teve poucas mulheres em seu quadro de docentes. Inaugurado em 1970, o local contribui para aproximar jovens e adultos a uma das ciências mais antigas do mundo, que explica e estuda fatores relacionados aos astros. Mas, desde 2014, essa missão ganhou a presença de uma astrônoma, a única da Universidade. Juliana Romanzini é professora do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa) da UFG, graduada em Física, com mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática e viu o despertar da paixão pela Astronomia surgir ainda na infância, quando construiu uma maquete do Sistema Solar. “Naquele momento, comecei a me interessar por tudo relacionado aos astros. Fiz minhas próprias anotações e fui atrás de todas as informações possíveis sobre o assunto”, lembrou.

Juliana Romanzini se dedicou ao estudo da área, pouco conhecida ainda nos dias atuais e, também, pouco encarada por mulheres. Prova disso foi o primeiro dia de aula da professora ainda na época da graduação em Física: “Entrei na sala de aula e me deparei com outras duas meninas, apenas. Estranhei, mas logo percebi que não haveria nenhum problema quanto a isso. A convivência com os colegas foi excelente durante todo o tempo”.

Segundo Juliana Romanzini, as dificuldades sempre existiram. Entretanto, a astrônoma esclareceu que são questões inerentes à área e não ao fato de ser mulher. “A Ciência é extremamente aberta à participação feminina. É necessário querer, se dedicar e saber que mulheres são totalmente capazes de entrar em uma área como essa, mesmo que ainda não seja comum”, defendeu.

Em Londrina, cidade-natal da professora, o grupo de estudos em Astronomia tinha a participação de várias mulheres. Porém, ela encontrou um cenário bem diferente ao chegar em Goiás. No Planetário da UFG, Juliana Romanzini é a única mulher entre três professores e a primeira docente da Universidade com a formação direcionada à Astronomia. "Acredito que a minha presença possa fazer a diferença para alunas e visitantes, que veem que pude chegar a um lugar que poucas chegaram. Mesmo sendo algo raro, agora elas podem entender que não é impossível”, disse. Antes dela, outras professoras, com formação em Geografia, já haviam lecionado no local.

Dispensando o rótulo de “estranha no ninho”, a professora afirmou que a convivência com os colegas docentes é positiva e isenta de preconceitos. “Sempre fui muito bem tratada pelos colegas, que me respeitam e se preocupam com meu bem-estar”, esclareceu. Além disso, a presença de uma astrônoma na sala de aula é algo que agrada os estudantes, que, de acordo com ela, ficam empolgados com a professora “diferente”. “Quando digo que sou física, a reação é de espanto. Sempre dizem que sou louca por me dedicar a algo considerado tão difícil. Fora isso, os alunos acham legal ter uma professora ‘nerd’ e jovem”, completou .

Aos 31 anos, Juliana Romanzini se prepara para o doutorado. Ela pretende se dedicar ao aprimoramento do ensino da Astronomia para crianças, habilidade que tem sido bastante útil no Planetário da UFG, durante as sessões de visita de escolas ao local. “Foi algo que chamou a atenção dos demais professores quando vim para cá. Ter esse olhar sobre o ensino infantil é importante, considerando o nosso público”, afirmou.

Para a Juliana Romanzini, a escolha, feita ainda na infância, não poderia ter sido mais certa. “Eu segui o meu sonho e hoje posso mostrar que não é impossível estar aqui. Tudo é fruto de dedicação e confiança, além, é claro, de fazer o que se gosta com prazer”, destacou.

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