Mateus Oliveira, nascido em Pará de Minas, viajou por meio do programa Ciências sem Fronteiras e, graças à suas notas altas, passou a integrar o projeto Rascal
De Pará de Minas, na região Central de Minas Gerais, para a Nasa, nos Estados Unidos. Pode parecer uma trajetória difícil, mas para o estudante de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mateus Oliveira, de 22 anos, bastaram menos de quatro anos de vida acadêmica para que ele pudesse, por meio de programa Ciência sem Fronteiras, fazer parte de um grupo de pesquisadores que trabalha em um projeto espacial patrocinado pela agência norte-americana.
O universitário está desde junho do ano passado na Universidade de Saint Louis, no estado de Missouri, que tem um dos melhores programas de engenharia aeroespacial dos Estados Unidoso e conta com o projeto Rascal, que é composto de duas pequenas naves espaciais cujo objetivo é aprimorar tecnologias de operações de proximidade e percepção no espaço.
A trajetória dele começou em 2009, quando ele se mudou de Pará de Minas para a capital mineira para fazer um intensivo de revisão para o vestibular. “Meus pais sempre me incentivaram a estudar, tudo o que conquistei até hoje foi com o apoio deles”, destaca. Ele ainda precisou fazer um ano de curso pré-vestibular antes de ser aprovado na UFMG e nas federais de Ouro Preto (Ufop), do ABC (UFABC) e para a Estadual Paulista (Unesp).Já na universidade de BH, Mateus fez parte por dois anos do time de Aerodesign.
“Foi muito importante. Lá aprendi elaboração de projetos e construção de aeronaves radiocontroladas. Também pude aprimorar competências, como a capacidade de trabalhar em equipe e fazer apresentações técnicas em público”, avaliou o universitário. Foi então que, por meio do programa Ciência sem Fronteiras, Mateus conseguiu ingressar na universidade americana. “Tem sido uma experiência fantástica estudar aqui”, afirmou.
Apesar de ter estudado um pouco de inglês em casa antes de fazer o intercâmbio, o universitário teve um pouco de dificuldade para se adaptar ao outro idioma, precisando até mesmo de fazer um curso de inglês por outros dois meses. Já no laboratório em que trabalha, Mateus conta com o auxílio dos colegas para entender alguns termos técnicos. Apesar disso, após nove meses no outro país, ele já consegue conversar normalmente em inglês e acompanhar as aulas.
Como funciona o projeto
Apesar de ter ido para o outro país em junho do ano passado, somente em novembro ele passou a integrar o Laboratório de Sistemas Espaciais. Ele cursou uma disciplina ministrada pelo diretor da equipe, o professor Michael Swartwout, doutor em Aeronáutica e Astronáutica pela Universidade de Stanford. “Como obtive notas altas, ele sugeriu que eu trabalhasse no laboratório e, desde então, passei a fazer parte do desenvolvimento do projeto Rascal”, conta Mateus.
O projeto consiste basicamente no lançamento de duas pequenas naves que serão sincronizadas, com o objetivo de obter parâmetros de distâncias e velocidade. "Posteriormente estes dados serão processados e deverão contribuir para aprimorar manobras no espaço”, explica. Com isso, espera-se facilitar futuras missões espaciais e contribuir para a manutenção da Estação Espacial Internacional.
“Os satélites artificiais têm muitas funções, mas, no geral, são destinados a telecomunicações, como transmissão de sinais de rádio e TV e ligações telefônicas. Os satélites também são utilizados para estudar mudanças climáticas, mapear regiões e observar a Terra e o espaço”, complementa. No projeto, o estudante participa da construção, realização de testes e documentação.
Mateus retorna ao Brasil no segundo semestre deste ano e acompanhará daqui o lançamento do projeto, previsto para 2016. “A Nasa seleciona os melhores projetos do país para serem lançados no espaço por meio de seu programa educacional de nanossatélites (ELaNa). O Rascal foi selecionado no ano passado e, desde então, vem sendo submetido a uma maratona de testes e a um extenso processo de documentação”, explica.
Apesar da grande experiência, o estudante ainda não sabe o que pretende fazer no futuro. "Estou focado no projeto e no meu retorno à UFMG, para concluir o curso. Posso trabalhar na indústria ou seguir carreira acadêmica. Não gosto de criar expectativas, prefiro acreditar em oportunidades e aproveitá-las ao máximo, como essa aqui", finalizou.
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