13 de ago. de 2015
Câmeras que permitem fotografar estrelas caem no gosto dos franceses
(RFI) Começa nesta sexta-feira (7) na França o tradicional evento La Nuit des Étoiles (a noite das estrelas), dedicado à observação da abóbada celeste e de seus fenômenos. Clubes e associações de astronomia vão receber gratuitamente o público para descobrir e apreciar estrelas e planetas. Na esteira do evento, o jornal francês Aujourd'hui en France publicou uma reportagem sobre a nova febre entre os franceses: fotografar os astros, graças a câmeras cada vez mais modernas e acessíveis.
Em cinco anos, os aparelhos digitais fizeram tanto progresso que fotografar a Via Láctea está ao alcance de todos. "Hoje em dia, com uma Reflex de menos de € 500, podemos perfeitamente captar as estrelas que não vemos a olho nu", diz Jean-Michel Kief, responsável de vendas da loja Objectif Bastille. Ele acrescenta que não há necessidade de comprar um aparelho super potente, já que o melhor resultado final se obtém com cerca de 12 milhões de pixels.
Notícias inspiram
Entrevistado pela publicação, o professor de fotografia Arnaud Thiry revelou que 80% das perguntas dos alunos se referem a como clicar o céu. "Eles perguntam qual configuração utilizar, qual material compar", diz o professor. Motivado pelo interesse dos estudantes, Thiry gravou um vídeo chamado Fotografar a Via Láctea, que tem mais de 55 mil visualizações no YouTube.
Segundo a reportagem, um dos motivos para esse grande interesse são as notícias e imagens sobre o universo que invadem a mídia: as fotos espetaculares das montanhas de gelo de Plutão transmitidas pela sonda New Horizon, as "aventuras" do pequeno robô Philae sobre o cometa Tchouri e, mais recentemente, a descoberta do Kepler 452b, o exoplaneta com característica semelhantes às da Terra.
Questionamentos profundos
Mas, segundo o professor Thiry, a atividade também surge a partir de algo mais profundo: "enfrentar a vertigem da imensidão". "Isso leva a questionamentos fundamentais: de onde viemos e para onde vamos", opina. Mas ele também aponta um motivo mais mundano: destacar-se nas redes sociais com as fotos. "Um belo vilarejo de Lubéron acariciado pela luz da constelação Orion é mais impressionante que uma ponte à luz do sol", compara.
O técnico em informática Laurent Cambemorel é um dos adeptos da atividade. Cada vez que ele viaja à casa da família, em Finistère, no noroeste da França, ele passa as suas noites fotografando o céu. Ele vai participar da Nuit des Étoiles, em Paris, e quer se concentrar em fazer imagens da constelação de Hércules. Entre os aparatos utilizados pelos adeptos da atividade estão aquecedor para evitar a fixação de vapor na objetiva, disparador à distância e tripé.
Em Paris, a programação da Nuit des Étoiles inclui observação e uma conferência organizadas pela Cidade das Ciências e da Indústria às margens do canal do Ourcq e observação no topo da Torre Montparnasse, local com uma vista privilegiada (paga-se para subir). A Nuit des Étoiles acontece também em outros países europeus e em nações africanas.
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