23 de dez. de 2015

NASA divulga em Marília concurso para alunos da rede pública com prêmio de US$ 5 mil

O objetivo é estimular a criatividade de estudantes de 12 a 18 anos para o desenvolvimento de projetos de exploração espacial


(Diário de Marília) O centro de pesquisas Ames da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) promove, anualmente, um concurso acadêmico para estudantes do nível fundamental II e médio, aberto a todos os países. O objetivo do concurso é estimular a criatividade de estudantes de 12 a 18 anos para o desenvolvimento de projetos de exploração espacial, incluindo também concepções artísticas e mérito literário. Todos devem estar relacionados ao tema “colonização espacial”. O prazo para submissão dos projetos é 1º de março.

Nesta semana o mariliense Ivan Gláucio Paulino Lima, pesquisador na área de microbiologia ambiental da Nasa, esteve no Brasil para divulgar o concurso. A fim de tornar a participação dos brasileiros mais efetiva nos projetos, Lima se encontrou com representantes da secretaria da Educação do Estado de São Paulo para ampliar a divulgação do concurso nas escolas públicas paulistas.

O concurso surgiu em 1994, mas somente 17 anos depois da primeira edição que o Brasil estreou no projeto, ainda sem premiações. Segundo Lima, o concurso também é uma oportunidade para os professores trabalhar as ciências naturais em suas diferentes formas.

“A presença do Brasil no concurso deve demorar alguns anos para se consolidar. É um trabalho desenvolvido em longo prazo. Em 2016 não teremos o número de projetos que gostaria, mas quem sabe em 2017. O brasileiro é bastante criativo, tenho certeza de que os trabalhos serão tão bons quanto de outros países”, diz.

O pesquisador mariliense afirma ainda que há alunos que demoram anos para concretizar um projeto de nível adequado para competição.

“Muitos jovens levam tempo para criar um projeto e submete-lo à análise. Por isso, acredito que em 2017, se a ampla divulgação surtir efeito, contaremos com uma presença mais efetiva do Brasil no concurso”, revela.

Os trabalhos apresentados serão julgados de acordo com os critérios especificados por cientistas e engenheiros da Nasa e da San Jose State University. As premiações ocorrem em categorias correspondentes ao ano acadêmico dos alunos e premiam o primeiro, segundo e terceiro colocado, além da menção honrosa. Todos os candidatos vão receber um certificado de participação. De acordo com Lima, dentro de cada categoria existe a possibilidade de concorrer como submissão individual, grupo pequeno, de dois a cinco alunos e grupo grande, de seis ou mais participantes.

O grande vencedor recebe também um prêmio de US$ 5 mil e um convite para apresentar o trabalho no congresso da NSS em San Juan, Porto Rico, Estados Unidos, entre os dias 18 e 22 de maio de 2016.

No ano passado, mil projetos de 20 países foram submetidos à avaliação da Nasa. Um grupo de aproximadamente 100 pesquisadores da Agência Espacial julgaram os trabalhos. Mais informações sobre o concurso podem ser obtidas pelo site http://settlement.arc.nasa.gov/Contest/.

Mariliense participa de sua primeira missão espacial na Nasa
São dois experimentos desenvolvidos pela Nasa em parceria com a Agência Espacial Alemã DLR

Graduado em ciências biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o mariliense Ivan Gláucio Paulino Lima viu seu sonho de criança se transformar em realidade em 2011, quando foi aprovado para desenvolver seu pós-doutorado no Nasa Ames Research Center.

“Não era o objetivo da minha carreira. Mas sempre fui fascinado por planetas. Lembro que quando era criança colecionava figurinhas de planetas que vinham em alguns chocolates”, diz.

Atualmente, Lima está trabalhando em sua primeira missão espacial. São dois experimentos desenvolvidos pela Nasa em parceria com a Agência Espacial Alemã DLR. O primeiro se refere a um teste de crescimento de bactérias baseado em outras bactérias que fazem fotossíntese e produz nutriente para a segunda bactéria. O objetivo é testar os níveis de aceleração simulando a gravidade de Marte e da Lua.

O segundo experimento prevê a transformação genética. Os pesquisadores vão inserir fragmentos de DNA dentro de uma célula bacteriana. Segundo Lima, é a técnica básica para biologia molecular. O objetivo é descobrir se a gravidade interfere na técnica, ou seja, fazer biologia no espaço.

“Se não tiver nenhum efeito podemos usar as técnicas de biologia em outros planetas. É fundamental usar a biologia para manter os astronautas em outros planetas”, explica.

A carga biológica será preparada até junho de 2016 e a capsula onde ela será introduzida vai ser lançada em março de 2017. Os experimentos ficarão em órbita durante 18 meses. Neste tempo, a Nasa e a Agência Espacial Alemã vão monitorar e receber os dados do que ocorre no espaço.

Único biólogo brasileiro na missão, Lima se diz agradecido pela oportunidade de trabalhar em um projeto deste porte.

“Divulgar esse concurso é uma maneira de retribuir tudo que eu consegui. E provar que nada proíbe as pessoas de chegar onde elas desejam. Se eu tivesse tido a oportunidade de participar de um concurso desse seria maravilhoso, por isso quero divulgar isso”, afirma.

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