14 de jan. de 2016

Observatório Solar era “aplicativo” de índios brasileiros há mil anos


(A Crítica) Saber a previsão do tempo, a época de plantar, colher ou ter filhos é muito fácil com os conhecimentos e as tecnologias atuais, mas há cerca de mil anos, no sul do Brasil, não era tão simples ter estas informações. Então índios brasileiros criaram o Observatório Solar e com este “equipamento”, formado basicamente de pedras, eles poderiam saber as respostas das perguntas anteriores e muitas outras.

“Se fosse hoje, o Observatório seria uma espécie de “aplicativo de celular”, em comparação devido as utilidades que ele tinha”, disse o professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Edmilson de Souza. Tantas são as curiosidades por trás deste dispositivo, que a UEMS tem um Observatório Solar Indígena, na sede em Dourados, que faz parte do catálogo de “Centros e Museus de Ciência do Brasil 2015”, uma publicação com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Segundo o pesquisador, Paulo Souza da Silva, o Observatório Solar é um monumento para observação do cotidiano. Os indígenas precisavam disso, porque dependiam da natureza para a sobrevivência. “Era uma espécie de relógio que os Guarani usavam para vários fins, como festejos, medição das estações, para saber quando tinham que plantar ou colher, quando era o melhor período para pesca, caça e até mesmo para fazer mudança de uma região para a outra. Com isso, podiam fazer previsões e criar cronogramas até para a concepção de bebês”, explicou.

Como funciona?
Este equipamento foi criado pelos povos Guaranis, do Paraná. Isto porque eles perceberam que o Sol sempre nasce a leste e se põe a oeste, contudo notaram algo mais: que dependendo da estação do ano, o Sol nasce mais próximo do Sul ou do Norte.

Como pode ser observado na figura, eles faziam um círculo e o dividiam em várias linhas (norte/sul, leste/oeste, noroeste/sudeste, sudoeste/nordeste). Observando, eles perceberam que no verão o dia dura mais, pois o Sol nasce e se põe mais próximo ao Sul (espaço em azul na figura). E no inverno o nascer e o pôr do sol são mais pertos do Norte, então o dia dura menos (espaço em marrom). Já no outono e primavera, o dia e a noite tem o mesmo tempo, pois o nascer e o pôr do Sol acontecem mais próximos a linha Leste-Oeste.

As observações dos movimentos do Sol podem ser percebidas por meio da sombra de uma haste vertical – chamada de gnômon -, que fica no centro do Observatório, para determinar o meio dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano.

O professor, Paulo da Silva, explica no vídeo como funciona o Observatório:




O programa Stellarium (http://www.stellarium.org/pt_BR/) tem diversos recursos que faz em segundos o que os indígenas demoram anos para constatar e confirmar. Veja o vídeo de uma demonstração de como funciona o programa: https://www.youtube.com/watch?v=-MPC9UDjJDI&feature=youtu.be

Lado Religioso
Além das utilidades para a vida na aldeia, o Observatório também tem significados místicos e religiosos. No centro do círculo, o gnômon, representa uma divindade que está apontando para o céu, para a moradia do deus supremo, o chamado Nhande Ru Ete, este criador do céu e da Terra. Os pontos colaterais são os deuses inferiores que ajudaram Nhande Ru Ete na criação do Universo e da Terra.

Para os Tupi-Guarani, o Sol é o principal regulador da vida na Terra e tem grande significado religioso. Todo o cotidiano deles está voltado para a busca da força espiritual do Sol. (Para saber mais curiosidades clique aqui)

Visitação
Observatório Solar Indígena da UEMS fica em frente ao prédio do Bloco A, na sede administrativa da Universidade em Dourados. Neste ano, acontecerão visitas programadas com instrutores.

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