25 de fev. de 2016

Brasil tem acervo modesto de "Pedras do Espaço"

País conta com 69 meteoritos oficialmente catalogados, bem distante dos 1.754 exemplares dos Estados Unidos.


(Blasting News) O Brasil tem pouco mais de 50 rochas que, aos olhos menos atentos, podem ser vistas com banalidade, mas que, quando observadas mais a fundo, possuem valor incalculável para a pesquisa científica. Isso porque se tratam de pedras vindas diretamente do espaço sideral, e trazem consigo um pouco da história da formação do universo.

A base oficial de meteoritos encontrados em solo nacional conta com 69 exemplares, mas poderia ser ainda maior, caso a população tivesse acesso as informações. Prova disso é que, em todo planeta, milhares de objetos espaciais desse gênero já foram catalogados. Somente os Estados Unidos têm acervo de 1.754 registros.

Apesar dos números modestos para um território de dimensões continentais, o Brasil tem casos que mexem com o imaginário popular. O Bendegó, maior meteorito brasileiro que se tem conhecimento até o momento, com pouco mais de cinco toneladas, foi encontrado na Bahia. Atualmente, está na sala de meteoritos do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Registros históricos dão conta que um garoto, chamado Domingos da Motta Botelho, encontrou o meteorito Bendegó enquanto acompanhava o gado pastando, em 1784. Muitos podem ter visto essa “pedra” antes do menino, mas foi ele quem teve a curiosidade aguçada, pois se tratava de algo grande, de cor amarronzada e diferente das demais na região.

Na internet, campanhas tentam levar ao público geral dados que podem ajudar na hora de diferenciar uma pedra comum de fragmentos de corpos extraterrestres. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) está à frente de uma iniciativa que mistura pesquisa, exposições e possibilidade de qualquer cidadão tirar dúvidas se uma simples pedra encontrada no quintal pode ser, na verdade, um fragmento espacial.

Características
A professora Maria Elizabeth Zucolotto, da UFRJ, explica em seu site que meteoritos são fragmentos de corpos extraterrestres que sobrevivem à passagem atmosférica como grandes meteoros, atingindo o solo. Existem três tipos: rochosos (como pedras), metálicos (como aço) e mistos (rocha + aço).

Uma dica para identifica-los é que praticamente quase todos os meteoritos são atraídos por ímã, mas não são magnéticos. Além disso, se você encontrou uma pedra bonita e diferente, mas que não possui um fina crosta de fusão por fora, ela provavelmente não será um meteorito. Também apresentam superfície áspera e com depressões - se for lisa, redonda e polida, deve ser mais uma pedra de rio.

“Para um meteorito passar a existir oficialmente e ter algum valor, ele tem que ser submetido ao NomCom, aprovado e publicado no Meteoritical Bulletin. Isso só ocorre após ter sido estudado por um centro de pesquisa e uma amostra tipo de pelo menos 20 gramas depositada em um museu credenciado, como o Museu Nacional, e mais umas 30 gramas que serão utilizadas para pesquisa em laboratórios”, explica Maria Elizabeth.

Uma exposição permanente sobre o tema pode ser conferida por quem estiver de passagem pelo Rio de Janeiro: "Meteoritos – da Gênese ao Apocalipse", aberta ao público todos os dias da semana, com ingressos variando de R$ 6 (inteira) a R$ 3 (meia), no Museu Nacional, que fica na Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão.

A propósito, para quem encontrar algum candidato a meteorito, pode enviar fotos e informações para o e-mail da professora Elizabeth: meteoritos@globo.com. Não há recompensa, mas a ciência será eternamente grata.

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