22 de abr. de 2016

Light corta o fornecimento de energia em três unidades da UFRJ

Escola de Música, Observatório do Valongo e editora ficam às escuras; dívida chega a R$ 15 milhões



(O Globo) Um dívida de cerca de R$ 15 milhões levou a Light a cortar o fornecimento de energia elétrica para três unidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Às escuras desde segunda-feira, a Escola de Música e o Observatório do Valongo, ambos no Centro, e o prédio da Editora da UFRJ, no campus da Praia Vermelha, na Urca, passaram os últimos dias de portas fechadas. Foram suspensas todas as aulas e atividades de pesquisa. Funcionários, com exceção das equipes de segurança, receberam dispensa do serviço. De acordo com a reitoria, a decisão da concessionária pegou toda a comunidade acadêmica de surpresa, já que o pagamento das contas atrasadas estava sendo negociado. Na última sexta-feira, teria sido quitado um débito no mesmo valor, referente às faturas dos meses de julho a outubro de 2015.

REITORIA LEMBRA NEGOCIAÇÃO E RECLAMA
Na quarta-feira à noite, a reitoria informou que, após uma nova conversa com a Light, “ficou acertado que o fornecimento de energia será restabelecido o quanto antes” e que, na próxima segunda-feira, representantes da universidade apresentarão à concessionária um cronograma para novos pagamentos. A UFRJ prevê, também para segunda-feira, a retomada das atividades na Escola de Música, no Observatório do Valongo e em sua editora.

Por meio de uma nota, a Light destacou que “a empresa cumpriu todos os procedimentos regulatórios anteriores ao corte, bem como realizou diversas reuniões e contatos telefônicos com o cliente em busca da regularização de seu débito.” A concessionária afirmou ainda que esgotou todas as possibilidades de negociação.

Na quarta-feira, os portões da Escola de Música, aberta em 1913 na Lapa, passaram o dia trancados. Apenas seguranças trabalharam, e somente na recepção, para aproveitar a iluminação natural que vinha da Rua do Passeio. Quem chegava à instituição não encontrava qualquer aviso sobre a paralisação das atividades. Vigilantes disseram ao GLOBO que as aulas foram suspensas na manhã de segunda-feira, quando técnicos da Light chegaram ao local e cortaram a luz. O imóvel abriga o Salão Leopoldo Miguéz, um dos mais importantes espaços para concertos do país, conhecido pela excelência de sua acústica.

A Light frisou, também por meio de uma nota, que, nas instalações da UFRJ na região do Centro, cortou a energia apenas da Escola de Música, mantendo o fornecimento para a Faculdade de Direito, apesar de ela também estar em sua lista de devedores.

Em um comunicado, a UFRJ informou que estuda medidas contra a concessionária. “A Light é uma empresa que presta serviços de interesse público, atendendo a órgãos municipais, estaduais e federais de alta relevância social, nos termos da Constituição. Foi com surpresa e indignação que a reitoria recebeu a informação que equipes da concessionária, em vários pontos da cidade do Rio de Janeiro, operaram para suspender o fornecimento de energia para unidades acadêmicas da universidade”, diz um trecho do documento.

Ainda segundo a UFRJ, “o corte ocorreu logo após a universidade ter saldado uma das faturas em atraso, na última sexta-feira, 15 de abril, conforme compromisso firmado junto à empresa na semana passada.” Na avaliação da reitoria, “a Light possui um contrato com a UFRJ extremamente vantajoso para a empresa, visto que não nos beneficiamos com tarifas mais justas, a despeito de sermos um grande consumidor. Vale registrar que, em 2016, a reitoria tem logrado inegáveis êxitos no pagamento de faturas em atraso, totalizando cerca de R$ 15 milhões.”

MENOS RECURSOS PARA CUSTEIO
De acordo com a reitoria, os principais motivos do atraso nos pagamentos foram explicados em dezembro do ano passado, em uma audiência pública: “são o contingenciamento no orçamento de 2014 e os cortes nos recursos de custeio e investimentos no ano de 2015.”

Em agosto do ano passado, a Universidade Federal Fluminense (UFF) passou por problema semelhante: a concessionária Ampla suspendeu o fornecimento de energia em sete instituições após um impasse na negociação da dívida.

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