14 de nov. de 2016

O espetacular céu de Araçoiaba

Microempresário estuda chuvas de meteoros em observatório criado no quintal de casa na RMR



(FolhaPE) Para o microempresário Diego Alencar, astrônomo por paixão, os meteoros podem, um dia, ser a peça-chave para entender a evolução do Sistema Solar. Desde que o Sol fundiu os primeiros átomos de hidrogênio em seu núcleo. Como uma forma de tentar entender o enigma da criação do universo, ele criou um observatório astronômico no quintal de casa. É lá em Araçoiaba, no Grande Recife, que ele contempla o céu todas as noites à espera de respostas.

“Os meteoros contam um pouco da história da formação do Sistema Solar como um todo. O que sobra de um meteoro, conhecido popularmente como estrela cadente, após vencer a barreira da atmosfera da Terra e conseguir chegar à superfície é chamado de meteorito. Essas partículas podem ser mais antigas que a própria formação do nosso planeta. É por isso que para entender a formação do Sistema, sua evolução e como surgiu a primeira vida na Terra é importante estudá-los. Eles mapeiam as regiões do céu onde uma chuva de meteoros pode se irradiar e estuda a dinâmica das chuvas de meteoros”, explica Alencar, membros da Sociedade Astronômica do Recife (SAR).

Em operação há cinco meses, Alencar conseguiu contemplar, por meio do seu telescópio de oito polegadas, instalado no observatório, um belo espetáculos da natureza: uma chuva de meteoros Orionídeos. As duas câmeras acopladas no telhado de sua casa chegaram a contabilizar uma passagem de até 70 meteoros em apenas uma noite. Entre meia-noite às 3h foi possível observar uma média de dez meteoros por hora (veja o vídeo). “Essa chuva ocorre sempre nessa época do ano. Sem dúvidas, é emocionante. E para a ciência, um registro importante”, conta. A constelação de Orion é uma das mais conhecidas por ter estrelas brilhantes, as conhecidas Três Marias. A chuva acontece quando a órbita do planeta “esbarra” em detritos do cometa Halley. Ela deu o ar da graça no céu de Araçoiaba há duas semanas.



Desde criança Alencar é fascinado pelo universo e seus mistérios. Considera-se um curioso que, mesmo depois de adulto, resolveu levar a brincadeira a sério. “Foi assim que me filiei à Brazilian Meteor Observation Network (Bramon) e hoje sou membro da SAR. Quero encontrar explicações”, declara.

Rotina
Diariamente, a partir das 18h, a estação opera até o amanhecer do Sol. E é nas primeiras horas da manhã que Diego Alencar faz a análise dos registros capturados pelas câmeras.

Uma aponta para o Norte e outra para o Leste e enviam, por meio de um software, as informações para os computadores que ficam no escritório de sua casa. Esses softwares fazem uma “triagem” de qualquer ponto brilhante no céu. Até mesmo aviões. “Esses softwares me passam informações detalhadas como a radiante, magnitude, altitude e velocidade de um meteoro, por exemplo. Auxiliam também a determinar de qual região esse meteoro vem antes mesmo de ele entrar na atmosfera”, detalha. No caso da chuva de Orionídeos, um dos meteoros registrou uma velocidade de 48 km/s. “Ele começou a brilhar quando atingiu altitude inicial de 121km e apagou ao chegar aos 104 km, quando ele desceu e se desintregou”, analisou.

Esses dados ficam armazenados na rede da Bramon, organização nacional mantida por voluntários e colaboradores de todas as partes do País. A rede monitora meteoros a fim de fornecer dados científicos à comunidade astronômica profissional por meio da análise de suas capturas, que são realizadas por estações de monitoramento mantidas por seus membros. Além de Diego Alencar, há mais 50 operadores registrados na Bramon. Ao todo, são 65 câmeras registrando meteoros espalhados por 17 estados do Brasil.

Geminídeos
A próxima chuva de meteoros esperada por Alencar é a de Geminídeos. Como sugere o nome, surgem da Constelação de Gêmeos, que fica ao nordeste das Três Marias. No calendário já está marcado: o espetáculo no céu da Terra está previsto para a madrugada de 13 para 14 de dezembro. E Alencar dá a dica: para observar uma chuva de meteoros, não é necessário o uso de qualquer instrumento astronômico como telescópios ou binóculos. Basta um ambiente escuro e um pouco de paciência.

“Assim, procure um local escuro, se possível livre da poluição luminosa”, aconselha. O ideal é ficar, pelo menos, 30 minutos na escuridão antes do início da chuva de meteoros pois, deste modo, a pupila dilatará ficará mais fácil de detectar meteoros de brilho mais tênue olhando para o céu na direção de onde o Sol se põe.

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