5 de fev. de 2018

Marília recebe primeira estação de monitoramento de meteoros


(Jornal da Manhã) Quem nunca viu uma estrela cadente no céu noturno e fez um pedido? Hoje em dia a cena é cada vez mais rara, devido à poluição luminosa das cidades e do cotidiano do cidadão moderno que permite pouco tempo para a contemplação dos objetos celestes.

Estrelas cadentes são na verdade fenômenos atmosféricos conhecidos como meteoros. São pequenos fragmentos de material interplanetário, mais ou menos do tamanho de um grão de ervilha que penetram na alta atmosfera terrestre com velocidades supersônicas. Durante a passagem pela atmosfera, a grande maioria se desintegra completamente muito acima da altitude de cruzeiro dos aviões, podendo deixar breves rastros brilhantes causados pela vaporização do material devido à elevação súbita da temperatura resultante do fenômeno físico de compressão adiabática. Uma pequena fração desses fragmentos possui tamanho suficiente para resistir à passagem pela atmosfera, atingindo a superfície terrestre. Nestes casos, quando encontrados são chamados de meteoritos.

As consequências dos impactos de meteoritos dependem do tamanho do objeto, variando desde pequenos danos materiais até eventos de extinção em massa de espécies biológicas, como no caso de impactos de fragmentos maiores chamados de asteroides, a exemplo de vários já constatados na história geológica da Terra.

Agências governamentais como a NASA possuem programas de monitoramento de asteroides que possam oferecer riscos de colisão com o planeta Terra. Entretanto, para um entendimento mais completo sobre a dinâmica do material interplanetário, é necessário uma amostragem mais ampla que inclua os meteoros. Para isso, redes de estações de monitoramento de meteoros existem em diversas partes do mundo.

A Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON, na sigla em inglês) é mantida por voluntários e colaboradores com o objetivo de produzir e fornecer dados à comunidade científica através da análise de imagens capturadas por câmeras de segurança. As imagens são então processadas por um software específico e enviadas para o banco de dados da rede. Atualmente a BRAMON conta com 76 operadores e 110 estações em 20 estados brasileiros.

Na última sexta-feira, dia 26 de janeiro de 2018, foi instalada a mais nova estação da BRAMON na escola estadual Benito Martinelli, no bairro Santa Antonieta, zona norte de Marília.

A instalação foi realizada pelos representantes da BRAMON, Renato Poltronieri - astrônomo amador, e Gabriel Gonçalves - doutorando em Química pela USP/São Paulo e membro do Grupo Regional de Astronomia de Marília (GRAMA). A vice-diretora da escola, Profa. Daniela Rojas, que também é integrante do GRAMA, ficará inicialmente responsável pela operação da estação denominada BEN. A ideia é criar um programa de estágio em parceria com a BRAMON e com o GRAMA para que os alunos da escola possam aprender as ferramentas de processamento de dados e imagens de meteoros, valendo-se do fascínio pela astronomia como motivação intrínseca.

Trata-se da primeira estação da BRAMON em Marília e a única do Brasil em operação em uma escola pública. Essa conquista certamente ampliará imediatamente a percepção de alunos, pais, professores, funcionários e diretores da escola e até mesmo de toda a comunidade do bairro, acerca do processo científico na medida em que traz a rotina do monitoramento de meteoros para dentro da escola, criando oportunidade para os alunos poderem contribuir de maneira direta com o processamento de dados científicos de relevância internacional.

A BRAMON é a maior rede de monitoramento de meteoros do hemisfério sul. Em 2017 a rede descobriu 122 novos radiantes conhecidos como chuvas de meteoros que foram reconhecidos pela União Astronômica Internacional. Ainda em 2017, no dia 14 de dezembro, a BRAMON registrou pela primeira vez um impacto lunar ao vivo durante a chuva de meteoros geminídeos, um feito inédito para a astronomia nacional.”

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