17 de ago. de 2009

O céu como patrimônio natural da Terra


(Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) A Assembleia da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) finalmente chegou ao fim. Na quinta-feira (14) foi realizada a sessão plenária com algumas resoluções a serem votadas pelos membros. Entre elas, coisas burocráticas como a nova presidência e os novos membros do comitê executivo. O método de votação é este na foto, a presidente convoca os associados a se manifestarem levantando um cartão colorido. Azul para os membros individuais e amarelo para os representantes de cada país.

Dentre as resoluções apresentadas, algumas são bem interessantes. Entre elas, o plano de incentivo à astronomia em países em desenvolvimento e o plano estratégico da IAU. Ambas as resoluções vêm na esteira do sucesso do Ano Internacional da Astronomia e pretendem aproveitar a mobilização em torno da astronomia para incentivar o estudo em ciências de um modo geral.

Outra resolução diz respeito ao incentivo à participação de mulheres na astronomia. Ainda que esta participação esteja em franca ascensão, os números podem ser melhorados. Atualmente a IAU conta 30% de mulheres entre seus associados, por exemplo. Aliás, mais de 800 novos sócios foram aprovados e agora a IAU conta com mais de 10 mil membros.

Mas a resolução mais importante na minha opinião é a que trata da defesa do céu. Antes que alguém diga que eu não acho a questão das mulheres importante, eu penso que é uma questão de prioridade. Mas, se não houver a mobilização proposta, não haverá céu para alguém estudar, homens ou mulheres. A resolução pede que o céu seja tratado como patrimônio natural da Terra e como tal, precisa ser preservado. Que tipo de preservação? Evitar a poluição luminosa.

Preste atenção na sua cidade e procure ver como a iluminação pública ou particular é feita. Você vai notar que existe muito desperdício. Por exemplo, placas de publicidade iluminadas por baixo, fazendo com que a luz seja apontada para cima. Em geral, 30% da luz de postes e luminárias se perde para cima (às vezes pode ser pior ainda) e o efeito disso é pura e simplesmente apagar as estrelas. Com isso, muitas das belezas do céu estão se perdendo: nebulosas, aglomerados globulares e a nossa própria Via-Láctea estão virando histórias de antigamente. Não é preciso que se apaguem todas as luzes da cidade, basta focar os 30% perdidos para baixo.

Existem países que têm leis para controlar a poluição luminosa, como a Itália e o Chile. A ideia é aproveitar, agora que essa resolução foi aprovada, e tentar formular um projeto de lei no Brasil que também regulamente o uso racional da iluminação. Além de garantir um patrimônio da humanidade e o emprego de alguns astrônomos, essa iniciativa pode economizar milhões de reais.

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