30 de mai. de 2011

Brasil vai sediar curso sobre estudo do cosmos

(Correio Braziliense) O foco do Departamento de Ciências da Vida é a medicina espacial, que avalia o funcionamento do corpo no ambiente de microgravidade. Sob o tema política e lei, a discussão gira em torno da legislação que envolve a área espacial, os tratados internacionais e a frequência e a banda de satélites. Já o Departamento de Ciências Físicas transita pela astrofísica. Em aplicações de satélites, como o nome bem diz, são debatidos os benefícios do uso das imagens colhidas do espaço, como a identificação de áreas de desmatamento, a previsão do tempo e o acompanhamento do crescimento de uma cidade. Não, todos esses assuntos não integram um curso de formação de astronautas em missões espaciais. Trata-se, na verdade, de um curso que estará aberto a qualquer cidadão brasileiro com formação universitária e fluência em inglês.

O Brasil foi escolhido para receber a 13ª edição do Programa de Estudos Espaciais (SSP13, pela sigla em inglês), treinamento itinerante da Universidade Internacional do Espaço (ISU), sediada na cidade francesa de Estrasburgo. O responsável por trazer a iniciativa ao Brasil, em 2013, é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. “Todo ano, 120 alunos de diversas regiões do mundo e de várias áreas do conhecimento participam do programa: advogados, médicos, administradores, jornalistas, químicos, engenheiros, arquitetos, físicos. Isso assegura um importante princípio seguido pela ISU, que é a criação de um ambiente denominado 3 Is: internacional, intercultural e interdisciplinar”, explica Yukio Ueta, assessor técnico do Inpe que chefia o comitê local de organização do evento.

Segundo ele, o objetivo do programa é proporcionar uma visão completa da área espacial. “O curso foi uma oportunidade que tive para conhecer diferentes áreas que demoraria muito para ter acesso, mesmo trabalhando no instituto. Inclusive a parte de missões tripuladas, que não existe no Brasil”, conta Ueta, que participou do SSP em 2007.

Na primeira fase do programa, todos os alunos estudam juntos. No fim de um mês, é feita uma avaliação. Os melhores alunos seguem para a fase seguinte, quando o participante opta por uma das sete áreas disponíveis. “Quando participei, optei pelo Departamento de Aplicação de Satélites. Era um grupo de 30 pessoas tendo aulas em conjunto. Desenvolvi um projeto em que as imagens de satélite eram usadas na indústria pesqueira”, conta Ueta.

Quem for aprovado na seleção, feita por um comitê da ISU, deve estar preparado paras nove semanas de estudo pesado. Além das aulas durante a manhã e a tarde, que às vezes são intercaladas por visitas a diferentes instituições, as noites são reservadas para atividades e workshops. E nem todos os fins de semana são livres.

O Programa de Estudos Espaciais é um curso de capacitação, mas não é válido como pós-graduação. O investimento não é barato: cerca de 18 mil euros por pessoa, que dá direito a alojamento, alimentação, material e passagens aéreas. Em meados do curso, ocorre o fim de semana dos ex-alunos, quando cerca de 100 pessoas de várias partes do mundo se reúnem, falam de suas experiências e o que estão fazendo atualmente.

Comunidade
O assessor técnico do Inpe destaca a importância de o Brasil receber renomados profissionais da área espacial. “Se fizermos um bom trabalho, o país vai entrar no mapa dos estudos espaciais”, avalia Ueta. A comunidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, onde está a sede do Inpe, terá a oportunidade de participar de mesas-redondas, inclusive a que reúne astronautas.O público ainda poderá assistir a uma competição de robótica, uma corrida de carros desenvolvidos pelo departamento de engenharia e a competição de foguetes, em que um pequeno foguete é projetado para alcançar médias altitudes com um ovo ou uma taça de champanhe na ponta, que devem voltar intactos para o solo.

O Inpe vai contribuir com sua estrutura física, cedendo espaço para montar sala de professores, biblioteca e auditório. “Mas vamos tentar melhorar nossa estrutura para receber o curso, como providenciar apoio para o uso de computadores portáteis nas cadeiras do auditório”, conta Ueta. Até hoje, cerca de 30 brasileiros já participaram de cursos da ISU, a maioria sobre estudos espaciais. Este ano, o SSP será na Áustria, e, em 2012, nos Estados Unidos.

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