7 de set. de 2011

CERN fala português durante uma semana

Programa para professores e alunos em Genebra



(Ciência Hoje - Portugal) O maior laboratório de partículas do mundo, localizado na região noroeste de Genebra, na fronteira Franco-Suíça, é uma das instituições mais internacionais a nível mundial, onde passam diariamente pelo menos sete mil pessoas de diferentes países, entre visitantes, palestrantes e investigadores residentes e colaboradores.

As línguas faladas são as mais variadas; no entanto, durante esta semana, o CERN fala maioritariamente em português nos espaços comuns – já que acolhe a 5ª edição da Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa, onde se encontram docentes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da área das Ciências Físico-Químicas – uma iniciativa sob a chancela do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), que no final procede à avaliação e certificação dos formandos.

O privilegiado programa é constituído por palestras feitas por investigadores a trabalhar nesta Organização Europeia para a Investigação Nuclear – que a uma dada altura passou a chamar-se Organização Europeia para a Física de Partículas –, e por visitas guiadas aos vários aspectos da estrutura (experiências e aceleradores). A língua de trabalho é sempre o português, sendo os professores acompanhados por investigadores do nosso país.

Fátima Vieira é do Porto e professora na Maia; salientou ao «Ciência Hoje» que esta é “uma oportunidade única para saber um pouco mais sobre Física de Partículas, no lugar onde tudo acontece”.

Aliás, Pedro Abreu, investigador do grande ‘agregador’ português de Física Experimental (LIP), que acompanha estreitamente as experiências do CERN e funciona ainda como conselheiro – referiu ao Ciência Hoje que os três principais objectivos deste programa são “actualizar os professores no âmbito destas áreas científicas, no local onde as experiências se fazem; desmistificar o CERN enquanto instituição europeia e mostrar que é acessível, até mesmo aos alunos que queiram seguir carreira de investigação e estabelecer o contacto entre cientistas e professores”, de forma a que estes levem informação refrescada aos alunos.

Os participantes no programa são rigorosamente seleccionados sob avaliação curricular – sendo prioritários aqueles que estão ligados à Física de partículas ou Nuclear. Por exemplo, um docente com interesse por Biologia não se define como público-alvo. Por ano, podem concorrer 200 pessoas, mas apenas 40 irão ao CERN.

O conteúdo programático é da responsabilidade do LIP e o projecto é inteiramente financiado pela Ciência Viva. Quem se candidatar pela segunda vez é por norma excluído. No entanto, poderá participar noutros programas e até trazer alunos, se o entender. Neste caso, os custos por participante poderão variar entre os 250 e 500 euros.

Impulsos no CERN
A este grupo, mas apenas nas visitas e algumas palestras, juntam-se os alunos vencedores, da Escola Secundária c/ 3.º CEB Dr. Mário Sacramento (Aveiro), do concurso «Se eu fosse Cientista…», organizado pelo «Ciência Hoje» e pela Ciênvia Viva.

A equipa de Aveiro, chamada de ‘Impulsos’, constituída por Marta Canha, Mário Ferreira e Miguel Ferreira (com a colaboração de João Neves e Yuriy Muryn) e acompanhada pelo professor Sérgio Ramos, ganhou uma viagem ao CERN, em Genebra, com um trabalho sobre a vida de Egas Moniz.

Os estudantes, agora com o pé na universidade, divididos entre Medicina e Ciências Farmacêuticas, são visivelmente um grupo que se distingue pelo seu interesse nas ciências e vida académica. Aliás, um deles, Miguel Ferreira, preferiu preterir do passeio para não perder os primeiros dias na nova instituição de ensino. Entretanto, os restantes vivem o momento com entusiasmo e chegaram a fazer um diário de viagem, que vão actualizando.

Esta semana, o laboratório de partículas acolheu ainda uma escolha da Covilhã.

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CPLP no CERN
Inicialmente, o programa da Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa era apenas dirigido a docentes do nosso país. O repto foi lançado por Gaspar Barreira, presidente do LIP, em 2007 e bem aceite. Em 2008, já integrou brasileiros e moçambicanos. Sendo o presidente do LIP, ainda responsável pela UNESCO para a Física de Partículas, uma das suas preocupações foi abrir o CERN aos países subdesenvolvidos e, hoje já acolhe angolanos, são-tomenses, e um timorense (nesta edição).

Em 2009, o CERN integrou um grupo mais vasto, após certificar-se que não lesaria nenhum dos estados-membros (22 actualmente)
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E mais:
Os detectores e ‘detectives’ portugueses no CERN (Ciência Hoje - Portugal)

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