(Astronomia On Line - Portugal) Estamos a viver numa grande época para se ser astrónomo amador! Hoje em dia, os astrónomos de "quintal" armados com câmaras CCD, montagens de alta-qualidade, computadores e a internet à sua disposição fazem contribuições de peso para a Astronomia.
Mas exactamente como é que os amadores estão actualmente a contribuir para a Ciência?
Consideremos que em 1991, o Telescópio Espacial Hubble foi lançado com uma câmara principal que tinha menos de um megapixel (a resolução da sua câmara era de 800x800 pixéis - um pouco acima de meio megapixel). Actualmente, mesmo até com um investimento "modesto", os amadores podem adquirir máquinas digitais que facilmente ultrapassam os 10 megapixéis. Basicamente, quantos mais pixéis tiverem, melhor a resolução da imagem e mais detalhe conseguimos capturar (não obstante as condições do céu).
Com fácil acesso a câmaras de alta-resolução e a outro equipamento, muitos amadores tiram imagens astronómicas de cortar a respiração. Usando equipamento similar outros amadores já obtiveram imagens de cometas, supernovas e manchas solares. Com fácil acesso a montagens super-precisas e a ópticas de alta-qualidade, não é novidade que os astrónomos amadores estejam a fazer maiores contribuições para a Astronomia.
Um perfeito exemplo de descobertas amadoras foi a de Kathryn Aurora Gray, uma rapariga de 10 anos que vive no Canadá, que descobriu uma supernova com a ajuda do seu pai e de outro astrónomo amador, David Lane. A descoberta da supernova 2010lt (localizada na galáxia UGC 3378 na constelação de Girafa) foi a primeira de Kathryn, a sétima do seu pai e a quarta de Lane.
Muitas vezes quando se detecta uma supernova, os cientistas têm que agir rapidamente para recolher dados antes que a supernova desvaneça. Na imagem abaixo, observe o ponto que pisca. A imagem é um "antes e depois" da área que rodeia a Supernova 2010lt
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Antes de Kathryn Gray, o astrónomo David Levy já tinha estado nas manchetes com a sua descoberta do cometa Shoemaker-Levy 9. Em 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9 quebrou-se e colidiu com a atmosfera de Júpiter. Desde aí, Levy já descobriu mais de 20 cometas e dúzias de asteróides. Levy também publicou vários livros e contribui regularmente com artigos para várias revistas de Astronomia.
Vale a pena também mencionar o astrofotógrafo Thierry Legault que produziu muitas imagens impressionantes. Ao longo do último ano, Thierry tem obtido espectaculares imagens da Estação Espacial Internacional e inúmeras imagens dos últimos voos do vaivém espacial. A astrofotografia de Thierry não está só limitada ao Sol, ou a objectos que orbitam a Terra.
A contribuição para a Ciência como amador não está limitada só àqueles com telescópios. Existem muitos outros projectos de pesquisa que pedem a ajuda do público. Por exemplo, existe o projecto Planet Hunters. O que pretende atingir é uma abordagem mais prática da interpretação das curvas de luz obtidas pela missão Kepler. Faz parte do Zooniverse, que é uma colecção de projectos científicos orientados para o cidadão comum.
Outro projecto científico recentemente anunciado é o projecto PAWM (Pro-Am White Dwarf Monitoring). Liderado por Bruce Gary, o objectivo do projecto é explorar a possibilidade de usar observadores astrónomos e profissionais para estimar a percentagem de anãs brancas que exibem trânsitos de planetas tipo-Terra na sua zona habitável. Pensa-se que os resultados de tal estudo sejam úteis no planeamento de uma pesquisa profissional detalhada de trânsitos por anãs brancas.
Um projecto público que existe já há anos é o AAVSO (American Association of Variable Star Observers). Fundado em 1911, o AAVSO coordena, avalia, compila, processa, publica e dissemina observações de estrelas variáveis da comunidade astronómica por todo o globo. Actualmente a celebrar o seu 100.º aniversário, o AAVSO não só fornece dados brutos, como também publica uma revista própria, uma colecção de artigos científicos focados nas estrelas variáveis. Além dos dados e da revista, o AAVSO está também activo na educação e na divulgação, com muitos programas que ajudam a disseminar a informação para os educadores e para o público.
Há já mais de uma década que os entusiastas do espaço utilizam a internet para fazer parte do SETI@Home. A descrição oficial do SETI@Home é: "uma experiência científica que usa computadores ligados através da internet na busca por inteligência extra-terrestre." Ao fazer download de um software, voluntários de todo o mundo ajudam a analisar sinais de rádio e auxiliam aos esforços do SETI em encontrar sinais de rádio enviados por "candidatos".
Os projectos e esforços exemplificados neste texto são apenas uma pequena amostra dos muitos projectos em que o público em geral pode participar. Existem muitos outros projectos que envolvem radioastronomia, classificação de galáxias, exoplanetas e até mesmo projectos que envolvem o nosso próprio Sistema Solar. Voluntários de todas as idades e experiências profissionais podem facilmente encontrar um projecto para ajudar a suportar.
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