3 de out. de 2011

AstroLab - Laboratório de Astrobiologia




(INEspaço / Brazilian Space) Astrobiologia é uma recente área de pesquisa, a qual tem o objetivo ambicioso de compreender o fenômeno da vida no Universo – sua origem, evolução, destino e distribuição, seja na Terra, em outros planetas e luas do Sistema Solar ou em exoplanetas. Cientistas brasileiros vêm trabalhando nessa área há vários anos, mas em esforços isolados. Em 2006 ocorreu o primeiro workshop brasileiro de astrobiologia, como um primeiro esforço de organizar a comunidade científica para estabelecer colaborações, com a subseqüente criação de um grupo de pesquisa CNPq – Astrobio Brazil, coordenado pelo Prof. Eduardo Janot Pacheco (USP) e Profa. Dra. Claudia Lage (UFRJ), mas o inicio formal dessa área no Brasil ocorreu em 2010 (Fig. 1), com a criação do primeiro laboratório dedicado ao tema, o AstroLab, no IAG-USP. Esse laboratório, coordenado pelo Prof. Dr. Eduardo Janot Pacheco e Dr. Douglas Galante, nasceu por meio de financiamento direto do instituto nacional CNPq/Fapesp INESPaço, para a construção de uma câmara capaz de simular ambientes espaciais e planetários, e foi concebido, desde seu início para ser aberto a usuários externos, fomentando o intercâmbio entre pesquisadores e estudantes.


Inauguração oficial do AstroLab no IAG/USP, Valinhos-SP, 2010.


Com a criação do AstroLab, foi possível nuclear colaborações em astrobiologia, com pesquisadores de diferentes áreas. Dessa maneira, os objetivos do laboratório se estenderam além dos iniciais, estando hoje baseados em uma estrutura de trabalho tríplice: Pesquisa de Campo / Pesquisa em Laboratório / Estudos Teóricos.

Pesquisa de campo: com o grande objetivo de explorar a biodiversidade terrestre, essa área do AstroLab estuda os ambientes astrobiologicamente interessantes no planeta, principalmente regiões com condições extremas (ausência de água, baixas ou altas temperaturas, ausência de oxigênio, alta radiação, salinidade, etc). Em especial, nosso grupo busca explorar esses ambientes em nosso país, que ainda são muito pouco conhecidos mas com grande potencial científico.

Pesquisa em Laboratório: os trabalhos em laboratório, concentrados nas instalações do AstroLab mas também fazendo uso de outras instalações, como o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, têm o objetivo de processar, caracterizar e buscar aplicações para as amostras coletadas na pesquisa de campo. Para isso, está sendo construída uma estrutura de sala limpa, para evitar contaminações das amostras, e sala refrigerada, para trabalhar com testemunhos de gelo e permafrost da Antártica. Além disso, o laboratório conta com estrutura completa para biologia celular e molecular. Em destaque, está a câmara de simulação espacial e planetária, AstroCam I, financiada pelo INESpaço, a qual é capaz de simular diferentes ambientes encontrados no Sistema Solar, desde o espaço interplanetário à superfície marciana, permitindo testar a resistência e resposta biológica de microrganismos terrestres a essas condições, trazendo novas respostas à possibilidade de encontrarmos vida fora da Terra.

Estudos Teóricos: quando não for possível simular em laboratório as diferentes condições encontradas no Universo, serão usadas ferramentas computacionais para simular as mesmas de maneira teórica, permitindo recriar condições extremas existentes no ambiente astrofísico, como explosões de supernovas, exposição a raios cósmicos durante uma longa viagem espacial, etc. Além disso, as ferramentas computacionais disponíveis serão usadas para outros problemas de interesse astrobiológico, como processos de formação planetária, simulações de atmosferas planetárias, etc.

O grupo do AstroLab também reconhece o apelo público que a astrobiologia possui, pois as questões com que trabalha são de fácil compreensão e de grande interesse geral: Qual a origem da vida? Existe vida fora da Terra? Nosso objetivo é aproveitar essa grande oportunidade para desenvolver a cultura científica no país e propor a astrobiologia como potencial ferramenta multi e interdisciplinar a ser aproveitada em todos os níveis de educação. O diálogo com a sociedade também está presente em trabalhos de aplicação tecnológica do conhecimento gerado, especialmente no setor aeroespacial e de biotecnologia.

Os trabalhos iniciados com a construção da AstroCam e criação do AstroLab não apenas oficializaram a pesquisa em astrobiologia no país, mas propiciaram o início de diversos outros projetos, os quais apresentam potencial para se manterem a longo prazo. Foram aprovados, subseqüentemente, projetos de pesquisa CNPq, Capes e FAPESP, além de bolsas em vários níveis, para a ampliação e manutenção do grupo de astrobiologia. Além disso, em 2011, foi aprovada e financiada pela Universidade de São Paulo a criação do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia (NAP-Astrobio), coordenado pelo Prof. Dr. Jorge Horvath (IAG-USP), o qual já reúne, em uma rede colaborativa, pesquisadores de vários institutos da USP, de outras instituições do país e do exterior. Dessa maneira, o AstroLab, assume uma posição de liderança e organização em nível nacional na área de astrobiologia, permitindo que pesquisadores de todo o país e do exterior não apenas façam uso de seus equipamentos instalações, mas também colaborem virtualmente.

Atualmente, graças ao financiamento e suporte constante das diferentes fontes de fomento brasileiras, o AstroLab já está bem estabelecido e em franca expansão de seus trabalhos, estabelecendo colaborações internacionais importantes, como com a Associação Européia de Redes de Astrobiologia (EANA), o Instituto de Astrobiologia da NASA (NAI, EUA), Centro de Astrobiologia (CAB, Espanha) e Instituto de Astrobiologia (IAC, Colômbia). Essas colaborações internacionais visam permitir o intercâmbio com países com maior experiência na área de astrobiologia, além de iniciar a organização de uma rede latino-americana de astrobiologia, a qual já está em discussão.

O planejamento do AstroLab, a longo prazo, é o de estabelecer uma nova área de pesquisa no país, criando o espaço físico, colaborações físicas e virtuais e a formação de novos alunos e pesquisadores com uma visão multi e interdisciplinar, capazes de atuar em questões científicas atuais e de grande interesse geral.

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